domingo, 28 de março de 2010



sou um vermelho de fogo,

sábado, 27 de março de 2010

a possibilidade de reter, não alavancar. tornar a estratosfera do ruído um azul de paisagem. encostar o ouvido no que quer ser dito: escalonar a respiração. determinar um. esquecer dois. viajar três. quatro mais quatro são encontros que ainda quero ter.

saio mais uma vez em festa toda de azul-marinho. a lua. olha ela lá. de ninguém. não vai explodir nada. enquanto a terra rompe comigo, flutuo. se é preciso entender: estou bem. ou: fico um saco vazio e vou ler bernardo soares e não acho que ele seja um em crise.

#

vou quando soares a luz. réptil por turno. de manhã montanha, gavião no umbigo, olhos que rasgam. teu corpo tem a doçura da minha procura. da próxima vez que te perguntarem se você está, vem.

quinta-feira, 25 de março de 2010

estávamos esperando por um ônibus e eu te abraçava e você me recebia ternamente e depois fazia uma cara feia de não me toques, então o ônibus chegava, subíamos nele. sentávamos juntos e começavamos a subir a montanha. então a vista lá embaixo era linda, tipo o rio de janeiro, então eu pensava no autocarro todo articulado que a via expressa era estreita demais e corríamos riscos , acidentes. então o vagão tropeçava em si mesmo e capotava, na parte em que você estava: eu já estava de fora e olhava que você tinha virado um pote de gelatina, um potezinho de iogurte: você tinha virado um pote de iogurte!! então enquanto chegava o resgate eu abria a tampa do pote (você) e pensava "pronto, agora podes ficar livre".

confronto

porque agora amo um homem que cabe tanto em mim que não está aqui

quarta-feira, 24 de março de 2010

carambola, fruta do conde, cajú, no iogurte de coco coloco maracujá, o de graviola fica por si só, manga de manhã ao acordar, de madrugada goiaba, suco de milho na paulista, sorvete de papaya, antes de cupuaçu; desconfio que estou no brasil.

ou: esteja cá já.

na rua dos pinheiros penso na rua da rosa; na rua da rosa penso na dos pinheiros,

apesar de que é tudo questão de flora,
(ainda não fui ver minha gata)
é diferente a minha consciência da gata desde que
sou como um esquiador
descendo com um pé em cada cordilheira

pensando bem a gata também se equilibra em cada muro

terça-feira, 23 de março de 2010

-onde você foi criado?
-hollywood.
-o que você faz da vida?
-chantilly.

segunda-feira, 22 de março de 2010

e quando a porta se abre, quem é que sai?
cavalinho, cavalinho
and we're going to the north
(but not so far not so north)
we have a horse together
our horse is freedom
e nós atravessamos o atlântico nosso de cada dia
por ele com ele
cavalinho for freedom
we've got a TEMPESTADE
e o que nos perguntamos é:
o que esses peixes grandes querem comigo?
cavalinho, cavalinho.

segunda-feira, 15 de março de 2010

domingo, 14 de março de 2010

sonhei com a rua da casa em que cresci. de novo. na curva da rua do clube muitas madeiras, eu precisava de uma delas pra usar como freio ao descer a rua, de patins ou skate?, iria pregar num pé. só que em cima dos madeirites tinham muitas sujeiras e bichos. então eu chutava chutava chutava e de cima da madeira corriam aranhas todas para o outro lado, assustadas com o meu chute, até que uma menorzinha de todas pulou no meu ombro e eu senti uma picadinha pensei é nada. e continuei chutando. fui até a rua ver a altura da descida e no tornozelo uma dor radiava, essas dores que se espraiam num corpo. então: olhei o ombro e como uma estrela anêmona água-viva tinha estourado um canal de sangue por debaixo da minha pele. parecia um neurônio de sangue.

quinta-feira, 11 de março de 2010

[acho que uma das coisas que é preciso rever é o onírico/ o sonho/ como uma coisa leve. o sonho tantas vezes é pesadíssssssimo!]

quarta-feira, 10 de março de 2010

quando escrevi sobre a casa
minha amiga também encarnava uma
deitava o corpo junto ao papel

estou só
cheia de esquadros
nas gavetas
procuro uma guia

#

tinha dois espaços em si
os olhos e a aeronave

o recurso de dizer algo impactante
e a matilha toda, imensa, como um lago, a espera

coração já usei muito
agora o real é procedimento
por exemplo:
a massa do teto tem uns furos craquelados
de um ângulo um farol, talvez um leme
do que estou mais certa
é num pescoço de mulher, um colar arrebentado.

#

lembro dos cachorros que corriam
meus cachorros que escapavam
iam viver naquela rua
voltavam caramelos como o chão
e se eu ia lá mordiam-se as orelhas
e às vezes tinha que atirar cascalhos de mentira/ fingir/
que lançava pedras pra que eles corressem de mim
foi o modo de ficarmos juntos.

terça-feira, 9 de março de 2010

catástrofe em paris

alavancaram mais uma situação crítica como o eixo da situação. escolheram as derradeiras ilhas para implodir a salvação. as ilhas do destino imaginário. entre os náufragos opto por ser o oráculo, escrever nada com nada e ficam me querendo a pele: a permeabilidade visionária. mas me sinto só num sono tão antigo quanto a escrita chinesa.

(às vezes preciso anunciar
uma gaivota ao mar
gaivota ao mar!)

naufragar os parênteses até cambaleando se tornarem canoas
ou teremos fé no que vem assim, inexperimentado?
"Tudo o que é visível deve se expandir para além de si mesmo, até penetrar no âmbito do invisível."
Hexagrama 50 "Instituir o novo" ou "O caldeirão".
sei que tive, encontrei e até desfiz. estou confusa de dizer as datas. porque eu (era? hoje encontrei um fio de cabelo branco) quem me dizia antes que sabia o que tinha acontecido antes (ou, digo: eu só te contei certas coisas pra você entender com quem está vivendo).

(às vezes é preciso anunciar
uma gaivota ao mar
gaivota ao mar!

naufragar os parenteses até cambaleando se tornarem canoas

ou ter fé no que vem assim inexperimentado?

#

navio no. 2

levantei-me com o cavalo
os perigos da solidão a dois
um sonho que não sei contar

não rolo mais entre as pedras
dos sentidos, sou pelo vento,
pelo sopro tua voz me ilumina.

#

um coração que não tivesse centro

segunda-feira, 1 de março de 2010

olá, eu gostaria de voltar pra casa/ mas eu não sei mais where home is

ENTÃO

eu quero morrer de dia eu quero morrer de noite de manhã eu também quero morrer ao pôr do sol não sou indiferente: morrer, sim, morrer determinadamente escolher por morrer também ao meio tarde eu quero morrer na fila do banco de diarréia eu quero morrer de fungos pelo corpo alucinógenos eu quero morrer

se continuar assim, precisando ficar cansada como preciso pra conseguir escrever vou morrer com 34 anos de velha

ou, aos 65, poderei dizer quando me entrevistarem: "passei 70% do tempo da minha vida absolutamente drogada". e poderão dizer como a poesia se aproximou novamente do rock and roll, my soul is empty, let me cry over your shadow


 

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