sábado, 17 de abril de 2010

sol

havia um tempo em que decalcar o silêncio, anulando-o, era a entrada para o estar em mim. de algum modo ainda é assim, só realizo o que me acontece quando escrevo. mas a correspondência, ou a europa, me trouxeram alguma espécie de reserva. essa reserva, temo, como uma gordura do pensamento, delícia e resto, é o que não vacila em se acumular. no entanto, um corpo forte. isso, ou a confusão espontânea entre o que vivo e traço. ou alguma incerteza do meio-fio, experiência da palavra como trânsito, fronteira, irrigação. ou complemento da necessidade do sentido. nunca sei mesmo se o que escrevo tem transparência suficiente para o entendimento. ou se é só uma sonoridade transitada que fica. sei que preciso matar em mim para escrever. para dar o conhecimento que tenho da palavra. é preciso matar para escrever. superego, inveja alheia, constrangimento do outro, o nome disso que mato, não sei. e o arquétipo do ceifador, a morte, o fogo não é brando. é um fogo de ontem, que não conseguiram controlar ao anoitecer. no entanto, minha vida segue sem você, sem escrita, sem estudo, sem trabalho. fui ao brasil, quando voltei, estava tudo aqui. e algo nas drogas já não me interessa tanto. e algo na idéia de brasil me interessa mais. e algo em portugal é o que vivo. seja aqui ou lá, há muita gente boa que me acompanha. desses quero a carne comida. não a aliteração da ausência. saber que os tenho comigo. e que em portugal não se sabe usar a minha língua. nem no brasil. uma língua de fronteira, nós produzimos encontros. sua solidão não me interessa. se estamos a todo momento brincando de cegos. guio a palavra que me guia. terra-terra-terra. this land is your sea. meu fenômeno é a lealdade. minha bandeira , pirataria do amarelo.

2 comentários:

júlia disse...

pronto, agora sei que estou bem.

bernardo rb disse...

PIRATA DO AMARELO

 

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