quinta-feira, 20 de maio de 2010



os livros que atravessaram
os livros que me atravessaram até agora reencontrei com eles
em realidade eu só sei fazer uma correspondência entre uma coisa e outra
e ver
brilhar eu gosto das coisas que brilham e são quentes
gosto de ver e de olhar sem ver
aqui fica tão seco
os livros que atravessaram o Atlântico enviados pelo meu pai, os livros
livros que eu escolhi livros que eu roubei da minha estante de livros no embu
eu a cada dia mais gosto dos livros porque eu no começo não gostava deles
é preciso abrir os livros
e eu gosto de pessoas e de música
que vem até mim, os livros não chegam a tanto sem meu impulso
e meus impulsos são corriqueiros
eu gostava de escrever porque era o que me acontecia porque alguma coisa pra contar ou simplesmente dançar porque escrever é perder toda a atenção e esquecer o rosto em cima de alguma coisa que é uma chama
e eu nunca nem pensava que isso um dia daria em um livro e que depois eu ia querer fazer outro livro
(fase em que agora me encontro_ _ as moedas também estão ali nessa fase pra correrem esse risco de serem minhas até que eu precise tanto delas que darei a outro, em troca)
mas tudo isso porque eu quero dizer, eu quero dizer, eu quero dizer

que os livros atravessaram do Brasil pra cá durante um mês e ainda assim chegaram úmidos por dentro, da carne do meio das páginas, os livros que estavam úmidos será que é essa a hora de com algodão secá-los da úmida solidão do que está escrito mas, veja bem, eu vejo.

eu que já disse que gosto de ver senti o cheiro da umidade brasileira e, digo mais, tenho alergia

faz uma semana que leio, leio, leio. pra depois escrever, escrever. entendi muita coisa essa semana. entendi, por exemplo, a importância da transmissão. também porque esquentou maravilhosamente esquentou. e eu fiquei feliz. eu fiquei tão feliz esses últimos dias com a vida mesmo e só.

depois pensei que me aconteceram umas coisas maravilhosas nos últimos dias.




e de repente me deu um medo e medo é vontade de poupar tudo.

(não estou poupando nada a não ser umas gorduras)
(enquanto isso a música alta, percebo, 0h00 em Portugal)
(27, 28 graus)
(em Portugal, Portugal não rima com grau)
(nossa língua desigual)
(esses últimos dias fiquei sem falar com ninguém vou no parque deito e tenho certeza que estão falando flamengo, esfrego os ouvidos e é português. depois é flamengo de novo. e às vezes é mesmo, flamengo, tcheco, russo, alemão. então todos estão falando português de Portugal.)
(acho que esse verão viro basco, baco, basquiat)

e o Leon K. escreve contra a "comunicação preservativa". eu acho que ele é mesmo o meu padrinho. amém em russo?

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