quarta-feira, 9 de junho de 2010

mas não sorrimos à toa

os dias se encontram como pontos finais, ou desenham um arco, é, melhor assim: um arco. antes de dormir e ao acordar, parece que as energias coincidem, as forças que sinto, vontades e clarezas - - - enquanto o meio é um tremendo meio. as madrugadas e manhãs: paredes de um canyon, todas as tardes: abismo desértico, isso de nariz entupido, o vento tão chato. lá no meio da rua, no meio do banco, o caixa do banco era outro, não era o de sempre, e fez anedota com o meu nariz, com meu responder "oi" ao não entender (se eu fizesse cara feia toda vez que um português me diz "força" ah se eu fizesse), me ofereceu um comprimido e a tarde ventava imensa, não era brasil, não era brasil. minha capa de chuva parecia de cobre porque não chovia, era ontem o dia da chuva, hoje era só vento e sair contra revelia. - - - - -


-------- acordei que nem contei: não tinha pão, abri uma lata de pêssego em calda joguei sucrilhos e linhaça, meu dia começou assim. agora terminou com iogurte de pêssego, aí estão os ciclos de sucrilhos, todos terminados, passando pela tarde com espinafre, frango, arroz integral e cenoura, não li o nietzsche que eu tenho que ler (antes quando não tinha, eu lia), respondi uns 3 ou seis emails, todos eles contando da minha técnica de exaustão (eu gosto disso, de ter muitos emails todos os dias, respondo a cada um deles e antes de dormir faço a minha oração compaixão com os escritores destinatários compaixão que eles nos levem à sério e não e percebam que sou só remetente de palavras que me remeteram em vigores lombos adestrados e vazios escrever, nunca te metas com um escritor se quiseres um par leal com as palavras um escritor vai dizê-las vai dizer-te tudo que pensa vai trançá-lo até o extase e depois BANG acabado BANG BANG BANG vai meter na tua caixa palavras de um ódio frio e ameno sempre estará do outro lado se revigorando com elas sempre maravilhado com as caixinhas de montar com a propriedade das palavras de provocarem misturarem incitarem CLARÕES - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - pois que palavra essencial é amor é amizade é eu e és tu - - - - - - voltamos) como um método de sucumbir para depois levantar, pensei como somos jovens, como somos jovens, como somos jovens, COMO SOMOS JOVENS, e de repente passa e não seremos jovens e não poderei mais usar a minha técnica infalível do recomeçar derrubando a arrogância no salão dos espirros recobrindo a humildade com catarro eu não poderei contar-te cem mil coisas - - - - - só duas ou três que te parecerão cem mil coisas de tanto que te acompanharão pelos incêndios e insônias, e ao plantar os pés de alface - sonífereas e insípidas- do teu cotidiano. -- - - - - - - - então descubro que com tanto contágio do meu amor querente passaste para mim seu vivo ostra de ser modos, agora sou eu que enclausurada estou numa rocha, e é ele, o sempre outro, o sempre vivo outro, que se aproxima da rocha e olha a mim mexilhão, com todos os olhos d miúdo que nunca tinha visto tais seres colados às rochas marinhas, e sem enciclopédia ou discovery channel, tenta ver-me e, maravilhado, quiçá, oxalá e colchão, o miúdo ama as pérolas e sabe mastigá-las com os dentes até parti-las, como eu, um dia, também contigo tentei.

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