quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

a nuvem das mil e duas coisas

a vida que é metade faxina, metade regresso do pó, por aqui tô melhor, mas ainda não sei que ser é esse em mim que transforma tudo em catarro. (mas deve ter alguma coisa haver com o ser que traz de volta o pó).

ai como que é difícil o inverno. se bem que notei umas coisas boas hoje, além de ter limpado os vidros e lido o texto que precisava ler pra faculdade. é que fiquei angustiada e fui ler álvaro de campos, ouvi mercedes sosa e comecei a escrever.

envio menos e-mails do que em muito tempo, talvez do que sempre. não quero muito contar, quero deixar as coisas quietinhas, crescer por dentro delas. talvez eu já esteja em auto-contato, imersa. tem dias que eu percebo que passei o dia inteiro sem entender nada porque é como se eu estivesse na nuvem das mil e duas coisas.
a famosa nuvem das mil e duas coisas tem passado em imagens. acho que IMAGINÁRIO é das palavras mais bonitas que eu conheço, porque lembra aquário, mas tem outra dissolução. a nuvem das mil e duas coisas.
o que é constante é que são incontroláveis as nuvens e não se trata de fabulação. fabulação é deitar ou parar e encontrar um ritmo, um eixo, uma vontade de produzir um efeito no peito. mas o que eu estou falando é da produção de mil efeitos invisíveis que não se percebem separadamente mas estão  enquanto estou lá: na louça, na precaução ao atravessar a rua, na respiração ofegante de cerimônias e sucessos. e estão num lugar só meu.
sei que eu passava horas em fabulações, sobretudo nas salas de aula na escola. o importante era não perder o fio narrativo e que tivesse tudo uma seqüência lógica sutil de tão óbvia e continuada. a nuvem das mil e duas coisas, não, é menos que fragmento, gotícula, é orvalho. memória de orvalho.

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