quarta-feira, 6 de julho de 2011

chove, poeta, chove

NÃO MAIS

Não mais te seguirei a um palco suburbano
como num mês incerto de setenta e três
ou mais exactamente

a ninguém seguirei
seja a que lugar for com o duvidoso
e porventura inútil desígnio do amor


MARGEM DO MAR

Volto-me para ti ou antes para
o teu lugar se é que tal abstracção
é possível, noite sem
som onde tu és o eco múltiplo
procuro

ver novamente os teus vários retratos
animados pelo sol o amor ou a respiração
o sangue torna
a passar-te nos braços fotográficos
devo continuar

a narrar o percurso irregular
da tua multiplicidade
eras o ar a árvore voltar-me
para ti é como procurar
no mar os afogados


ANOTAÇÃO

Juntos dormimos ou estivemos
deitados acordados
sobre a mancha do mar
em que como dois rios confluímos


[Gastão Cruz, do "Escarpas".]

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