quarta-feira, 6 de julho de 2011

tenho 27 anos e sei escrever

estou certa, esses dias, dos limites mortos da minha poesia.
pensei em começar a traduzir do português para o português.
mas ainda assim seria poesia de limites
mortos da minha poesia.

quem me dera ter encontrado uma fórmula dos mortos justamente nesse momento,
estou perdendo tanta coisa, meus sobrinhos crescendo, estou perdendo tanta coisa, esta dor de músculos
taí, eu fiz tudo pra você gostar - tantas, tantas fiz

e quando eu tiver 28 anos minha maior conquista vai ser não saber escrever?

hoje escrevi um poema para a performance de um amigo, que me pediu. performance da qual vou participar no largo do camões, em frente a embaixada brasileira, no sábado. o amigo ainda não me confirmou se aceitou o poema enquanto tal ou não. não devia, mas eu vou mostrar pra vocês (como se dança o baião)


Estou certa, nestes dias, dos limites mortos.
Se sou brasileira foi porque vim pra cá.
Consegui atravessar, mas os papéis não.
Nada nunca pode vir só.

O Atlântico é uma espécie de monstro anônimo
que a tudo engole e devolve. Marinha
fronteira carcomida por salsugem,
dissolve o poder dos homens, liberta-os.

A mim também. Não é todo dia que é o que posso.
Me mostra, espero mais. Troca tudo tanto de lugar.
Não param de pedir pra que eu me identifique.
Só tenho isso. Abarco nomes, rostos. Fico viva.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu tenho 28 e me esqueci das coisas todas.
Ficou bom o poema.
Bjos.

júlia disse...

pois é
obrigada, tata.
mas é
justamente esse o problema
o poema
o problema é que o poema ficou bom.

 

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