quinta-feira, 25 de agosto de 2011

talvez o espaço
seja uma necessidade de cultivo - aprender a absolvição do sentido, entre hortaliças.
ou ficar tão mole, tão mole, de entregue de presa
você com tua garra de lagosta
a me incidir os pronomes - sem perceber, amor, que só o que se recolhe
no claro, é que alcança a sombra.

ou dizer assim: gosta de mim?
aposto que ele nunca me esqueceu. também você se adianta demais.
você encontrou uma escola, lembra?
estudou em três. isto além do jardim da infância e das duas - já - faculdades.

sempre sei o que vai durar mas o meteoro me enriquece
de fatos, feito um tecido conjuntivo, o acaso. é.
o acaso é feito um tecido conjuntivo.
eu sou os ossos. ele os músculos.
os órgãos? do mundo.

passa lá embaixo uma menina de camiseta de bolinha.
eu penso que enquanto não aparecer eu não paro de escrever aqui.
talvez pudesse até cantar adriana calcanhoto, marina lima.
mas nossa, bom mesmo é cazuza, ou imitar cachorro.

quanto mais vejo os cães, mais admiro os gatos.
as pessoas que se dividem nas que gostam de cães, nas que gostam de rabos.
eu gosto de tudo isto, gosto também de melancia.

às vezes tudo me enche o saco. meus inimigos estão no poder.
estou tão cansada às vezes não sei. vou conseguir? atravessar o areal, a desventura.
chega de desventura, meu deus, eu já paguei a conta do analista.
na verdade era vovó quem pagava. e eu quem vou mudar o mundo?
claro.

peguei umas pedrinhas no caminho, lampejos. depois que eu tiver escrito tudo, não apaga?
por favor, eu venho aqui e escrevo na lousa, no quadro, de giz ou caneta bastão. daí ninguém lê.
depois que ninguém lê ninguém vem aqui e apaga. assim continua a escrita dos dias.

acho importante.

(Que ninguém leia, não, não sei se me preocupo com isso. com os rascunhos. o resto é beleza, beleza tem que ser vista. tem? se uma árvore cai no meio do mato faz um barulho lindo, eu não sou a árvore, ninguém - o do bastão - está lá pra ver. esta árvore existe? - claro que sim. ninguém precisa de ninguém pra ler. mas poesia se escreve de pessoas pras pessoas. - - - embora existissem hipopótamos tão raros.)

será que o fim da tarde em Portugal é outro? não sei explicar.

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