sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

"eu devo dizer eu guardo um mundo em mim" - aviso de viagem,

olho as graves as traves as aves
o metro passou dia de ontem em greve
a garganta arde pelos graus
se eu fosse um termômetro (a imagem é de ezra pound para o papel do escritor)
vejam ezra pound
se eu fosse um termômetro
meu braço direito anulava a temperatura do coração
tomava tudo
para si

em potes de mercúrio.

no entanto não ando mudo.
viajo no cavalo do tudo, estudo.
sou o lombo do mundo.

quando virei ali na Sé, pra baixo, eram lascas
os galhos das árvores eram estalactites
não sei se a cidade é desta vez uma caverna
ou se o que me governa é a queimada
que virá no rosto da primavera

mas hoje mesmo estive muito vermelha quando me olhei no espelho da casa de chá
digo, pastelaria luso-japonesa, na rua da alfandega, recomendo
não as alfândegas, delas desconfio, inclusive que são tão antigas
tão mais antigas
antigas tanto quanto a desconfiança do homem
atrás dos bigodes
é firme, forte
quase não conversa
mas tem amigos, o homem
rumores de que terá amores
louvores dos primórdios
ele inventa o que virá

com três pés se faz um monstro
ou um poema de amor
"nenhum verso é livre para quem quiser fazer um bom trabalho"
e quando a assombração do ritmo do passado
vem esse corpo de outros, o MEU CORPO
este corte, esta corte
meu rei
abram caminho

Um comentário:

Queiroz disse...

ezra <3

gostei muito.

 

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