segunda-feira, 19 de novembro de 2012

olhos que em terra firme pousaram

segunda-feira. meio de novembro. as cápsulas chinesas harmonizaram a minha temperatura o suficiente para que meu corpo inteiro não esteja doendo o tempo inteiro nessa entrada do frio pelos poros e músculos, também chamada outono. 
2012.
consegui me acalmar em relação as burocracias de renovação dos papéis e me parece que estarei confiante pelo resto da estação. isto tem a ver, sobretudo, com estar conseguindo me sentir em dia com tudo. hoje foi a primeira vez em muitos meses que não tenho nenhum email não lido na caixa de entrada.
não lido means não respondido, no meu vocabulário de convívio.
na quinta-feira passada escrevi um poema do destino do mar. não sei, mas também fazia muitos meses (seis, talvez?) que não escrevia e terminava um poema para o livro. não que eu não estivesse conseguindo escrever, eu não estava é me sentindo identificada com o que escrevia. mesmo as coisas deste blogue. por mais que eu me entregue aos fluxos, não acredito sempre estar entregue a eles, ou estar neles. 
isto estava me fazendo sofrer. não escrever. então escrevi um poema. 
depois chorei duas horas por conta da burocracia dos papéis de renovação do meu visto e toda essa fartura que é ser estrangeira num país em que todas as pessoas estão, umas mais outras menos, infelizes.   é claro que, como disse o daniel, chorar era um ponto furo. 
mas eu choro quando as coisas morrem e eu me sinto feliz. ou eu choro até chegar nesse lugar em que as coisas morrem e eu me sinto feliz. 
então dormi, a cabeça estourando. acordei com as vias respiratórias estourando de secas pelas lágrimas da noite anterior. e ao me sentar para ler o poema, percebi que ele era o último. o último poema do livro, o vinte e seis, que havia tempo já que eu pensava nele. era meu movimento sempre futuro: o último poema, que vai fechar o livro, eu pensava nele como uma cortina que fecha a fábula, assim como o "farewell" foi no cde. 
o XXVI não. afinal, o pdddm não tem a fábula como espectro feito o cde tinha. nele se fala de dúvidas. algo que se quebrou e, no entanto, por haver se quebrado, está mais forte. o XXVI é calmo e leve, só trabalhando com a força que restou. nem heróico, nem infantil. mas estival, aberto.
dito que o XXVI chegou, concluí que todo o resto devia acabar. e o objeto me dizendo livro, claramente, adeus. ainda temos algumas despedidas, mas março, quem sabe, além da primavera, trará "alforria blues ou poemas do destino do mar", impresso, publicado, outro, seu.


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