domingo, 30 de dezembro de 2012

ano 13

e o destino guiando a carroça de tudo pela estrada de nada
palavra que não é minha

amarás um homem cujo nome começa com o alfabeto
depois virá outro homem também com dentes
caminhando com calcanhares de engenhosos tendões
e quando mastiga batata palha faz crec-crec

muito depois foi me dada uma constelação
ela tinha o teu nome. o teu nome escrito entre as pedras
a rodar e a rodar e a rodar

e eu a dormir e a engordar
é inverno, pá

de cal nos cílios pra estancar
lá no sertão quem tem tanta água é rio longínquo

então escrever voltou a escrever
aquela escavação.

vou contar para vocês que eu tenho considerado que o herberto helder tem uma obra excessivamente irregular. VOU CONTAR QUE EU FALEI COM DEUS.

ele era um grilo que eu tirei do bolso e depois comi. 

amo vocês.

domingo, 23 de dezembro de 2012

semente

o inverno chegou. dá pra sentir no peso dos pés na terra.
a cidade tão úmida que os pinheiros parecem aspargos.
mastigo entre os cordeiros, e os espinhos das silvas
me cobrem de riscos na pele.
soube que as noites começam a ficar mais curtas
onde ela habita. ela é uma coruja,
tem pescoço para todos os lados. a giratória
abre as asas, separa o escuro
com olhos de manhã, tem sede.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

sábado


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

hoje


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

muito se usa a imagem da encruzilhada, ou da forquilha como aquele lugar que abre a possibilidade, ou o encontro a disrupção, mudança, travessia mas considerando que diariamente tudo é desvio muitas vezes sei que estou passando pelo arame farpado o delicado respiro do atalho

sábado, 1 de dezembro de 2012

o peito cheio de estrelas

com a lua ainda alta saio pela cidade mágica onde o inverno chega antes do que eu chego na estação GREVE dos comboios o caixa eletrônico sem notas vou até outro e volto com dinheiro suficiente sento com intenção no banco de granito será que consigo não esfriar os fundilhos? sento em cima do guarda-chuva o dia amanhecendo pelo leste em frente uma placa VENDE as casas ao lado desabando a ruína de cada dia passam dois autocarros FORA DE SERVIÇO tiro do bolso a maçã que roubei fresca como toda primeira refeição do homem até que aparece um taxi e me leva até amadora. conversamos quinze quilômetros e ele era um otimista.
 

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