domingo, 31 de março de 2013

nuvens impermanentes

além da ilusão do seu ser pessoal
estou numa daquelas fases que é mais fácil citar, do que dizer
(e há pessoas que vivem em fases assim com imensa tranquilidade)
também eu não ando impaciente, embora vez ou outra meu ouvido direito fique entupido
porque meu tímpano é como uma raquete de tênis, o fulgor da bola na caçapa da rede, sem fenda para grandes objetos
porém o vento é como a areia peneirada, o vento faz sulcos nas folhas do meu dentro
e como a seiva do que há, meu muco que agora eu respeito, minhas vias respiratórias são um termômetro do redor, e não pereço verde 

sobretudo descobri que sou um armário do meu avô, carrego as plantas e não deixo ninguém tocar. quem quiser trazer o mal que fale com ele. sobretudo fui instruída a desviar os olhares dos negativos, estou prenhe de purezas; que este resto, esta permeabilidade, é um acaso que não se cura, mas que o meu acesso é o paliativo, ou ser a fibra do trigo pelo alto junho queimada,

há tão poucas chances de inventar um mundo. e eu fundo!

eu, no fundo, encontrei o permeável permanente: e de estar sempre mergulhada já não temo. faço dos corais meu amuleto, e ponho os amuletos (todos para conversar com meus ancestrais) no sal grosso, no meio das bebidas. que ofereço pro santo,

um gole, trisca o vento, meu amor. que a rigidez não perfaça o dom. N U N C A.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Olhos que em terra firme pousaram

susana chiocca norteia o mar, lendo os resquícios da paisagem no último poema do livro

 

quinta-feira, 21 de março de 2013

Então olhei pro mar e disse

e a érica zíngano leu como se lê
no semi-silêncio que é ler um poema
silêncio de vulcão




terça-feira, 19 de março de 2013

Ver até passar

eis bernardo! meu melhor amigo
lendo o poema V do meu novo livro
que logo logo se publica

sexta-feira, 15 de março de 2013

um, dois, quatro e descendo

estive pensando nos submarinos
a noite toda
eles são capazes de respirar?
ou eles são capazes de armazenar
respiração que não falte?

de todo modo, importante
aprender com eles
de uma vez por todas
que afundo sempre

mas que tendência ô
de bater com o casco
no fundo. e ficar.
a rainha do coral.

"os peixes e os hóspedes fedem depois de três dias"
já dizia um provérbio latino
e eu que sou d'outro
tempo e lado e verbo

com os radares ligados
nadadeiras, flutuações
a areia migrando no fundo
no fundo

faróis não me faltem
nem o fogo interior
pra ir na janelinha, fumando.

quem sabe um dia ver o céu.
ver a lua. agora os aquáticos
dedos, de pele enrugada.

quarta-feira, 13 de março de 2013

passo a manhã calculando a provável altura de um tsunami

primeiro vídeo da pequena série dos que tenho pedido
pras algumas das gentes do território, a leitura
aqui o luca argel lê o poema de número IX dos "poemas do destino do mar".

quinta-feira, 7 de março de 2013

mantém sempre teso o arco da promessa

mantém sempre teso o arco da promessa

segunda-feira, 4 de março de 2013

pelos jaguares sei

queria dizer é que é importante seguir em frente quando o mato nos chama sem sabermos bem dizer claríssimo uníssono em frente: hoje não estou para ninguém.
mas quando uma voz te chama clara e esta voz quer te fazer dizer que sim
lembre-se somente que és também o príncipe da noite
e que as moitas servem bem para os afoitos
para os precipícios
e todos aqueles que precisam se camuflar
nos caminhos.

nas veias & canais submarinos

não sei porque é tão simples falar bem de uns e mal de outros.
nem porque um exemplar desta espécie de canto não se cansa
de ter um corpo que mais é um delivery de catarro
e a displicência é o meu louvor.

na frente da casa onde terminei meu livro há um pé de louros.
à sombra de uma azinheira
penso eu que há um povo
uma pessoa que me espera
para cantar e ter um filho só pra colocar pelúcia de foca
aos pés dele sou capaz de despelar um salmão
e aprender quem é que me faz seguir em frente
e as coisas que me interpelam responder sem prender
sem prender o estômago e a imperatriz do tarot
quis me dizer que eu sou a própria seiva da minha descoberta

ontem alguém falava em transformação outro alguém falou em treino
sei que meus ouvidos estão faz tempo nos lugares certos
e que o telefone vai tocar mais vezes mais vezes mais vezes
mais vezes eu vezes tu vezes boca

domingo, 3 de março de 2013

à tua cidade

hoje foi tanto cheiro de gás
nas horas que saímos para o aniversário
da minha avó que lutávamos
pelo telefone e pelas janelas abertas

à brigada de salvação
aos fechadores de gás
meus agradecimentos sinceros

se explodisse o raio de pinheiros
tanta caca ia voar
que meu sobrinho
ia gostar
e rir

ia rir com ele como quem nasce
de novo.

 

Free Blog Counter