domingo, 18 de agosto de 2013

a vida do vizinho

hoje soube que um vizinho do último andar, o que tem cinquenta anos e que andava com o telhado rachado, pediu pra vizinha do quarto ir cuidar da mãe dele que, velhinha de 100 anos, precisava ser vigiada, só pra em caso de lhe faltar alguma coisa.

o homem disse a vizinha que ela por favor não se importasse com as migalhas em cima da mesa, que eram pra alimentar o amiguinho que o vinha visitar vez em quando.

desconfiada de que seria um peludinho, a vizinha perguntou "mas que amigo?", e o rapaz disse que era um rato. a vizinha enojada recuou, e discreta afirmou que era ainda capaz de não ter tempo de acudir a mãe do rapaz, porque a perna, sabe lá, a perna direita não vai lá muito bem.

soube eu que, no íntimo, ela pensou que se o rato aparecesse ela de susto era capaz de gritar, e de susto era capaz de saltar, e cair da cadeira e partir a perna que, como se sabe, já não andava lá essas coisas.

enquanto contavam isso eu pensava só na solidão do rapaz, comprando pão no supermercado, eu já o tinha visto, comprando pão no supermercado, era pra dar ao rato. e eu não sabia.

vê lá as coisas que acontecem numa solidão.

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