sexta-feira, 1 de novembro de 2013

o bom samba




Intercedei por mim, bosques da velha terra. Teus homens, alguns entre meus antepassados, mataram seus ursos e lobos, curtiram suas peles para cobrirem os corpos, até confundirem os próprios ossos com os da violência de um animal e assim nasceu a civilização. Não os culpo, provavelmente com frio, provavelmente com fome, provavelmente pela vida eu faria até pior. Nada interessa como a vida interessa. E, portanto, tuas vidas não se extinguiram, bosques. É por isso, que para tudo que vou contar preciso da sua persistência. Intercedei por mim, árvores e pântanos, umidade que me cansa, silenciosa mata de poucos insetos, gravetos que estalam, ajudem-me a perceber a ligação entre as coisas. Humildemente vos peço que intercedei. Ensinem-me também a doçura do que só está. E oxalá com a vossa presença poderei entrar na história que quero contar.

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