quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Tudo se mexe, movimenta
e ataca mesmo a imobilidade
entre os lábios de Tomás
enquanto ele faz silêncio
na sombra de uma árvore.

Não há nada falhado entre os dentes
se dizer não pode de Tomás que ele seja
daqueles em quem as palavras
falham entre os dentes 
sentindo-se sempre
num ensaio de algo
que ainda não é a morte
embora com ela se pareça
pelo travo de silêncio.

Se mexendo as folhas
vibram e como Tomás
passa os dias procurando um tom
quando o encontra fora de si
ele pode descansar.
É a brisa. Que nos contornos 

como quem pousa uma jarra chinesa em cima da lareira
desavisado
de que o pó, a rotação da terra, flores ornamentando,
ou o imprevisto de um cotovelo que a espatifasse no chão,
são mais que o movimento da jarra chinesa em cima da lareira.
São seu puro destino: acaso e esquecimento.

Essas eram as coisas que lhe importavam.
Além de um ramo de algodão
ainda meio vivo
que levava no bolso e às vezes
apertava entre o indicador e o polegar
sem ninguém ver, por dentro do jeans.

Não era o pensamento o único objeto mágico de Tomás.

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