quinta-feira, 13 de agosto de 2015

P O E M A

Quando tiver forças voltarei
a escrever à máquina
para contar desses pés que vejo crescendo
à sombra de algo maior.
Alguém diria que são mudas frágeis
e embora este alguém esteja aqui dentro
eu diria que não são não
mas também não me mando calar a boca.
Serão o conhecer de uma nova estação
onde o coração ainda é o que importa
e tudo o que é vivo pulsa
na minha mão que o libertou pela janela
pulsa o beija-flor que prendi em concha
e que antes me olhou com minúsculos
dois olhinhos de ternura do ateu.
Ai da desavisada que puxando os brotos
para ver se as raízes já se fixaram à terra
interrompendo o ascender da seiva
verá a nuvem se esvoaçar em névoa
fazendo o ninho no rolar da fúria
e embora eu não tenha a sabedoria
sei que ainda falta muito
para que ela me visite.
Quando for a minha vez
talvez eu sinta medo
talvez eu vire assombração
mas talvez, não, eu
seja o clarão que vi.

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