domingo, 15 de novembro de 2015

deixar-se lamber pelo ouro da espécie, é uma virtude difícil nesses dias baços. entrei na nuvem do meu baço. ontem tive certeza de que minha avó estava do meu lado. tenho, faz anos, observado os velhos na rua. são presenças tão vincadas, sempre. a idade, em si, é como a infância, uma entidade.

e hoje no que eu pensei? que está na hora de começar a escrever ficção. mas estou nos gêneros da biosofia, sonhoplastias, paracurandeirices, parametafísicas, paratodos. haverá ainda algum ritmo nessa escavação, quer dizer: há. de tanto bater martelo, ou entrar num fundo de lago e ficar lá dentro, como quem se entristeceu demais.

há um mergulho no tão-lá, o escuro, que me ensina demais. vou cada vez menos vezes até este lugar-de-mim, mas é preciso conhecer o próprio abismo e polir sempre o candelabro que o esclarece.

*

ontem folheando livros numa livraria, notei que não exagero ao considerar que uma desatenção é uma prática editorial de poesia tão recorrente nesse país.
a corrente existência de edições de poesia que não contemplam nos seus desenhos gráficos as quebras de verso & inserem assim aqueles colchetes, chaves, ou só uma quebra que-aparece-sem-querer me dá vontade de fazer versos tão extensos que eles não caibam nem em um colchão deitado.
não sei se é só desatenção ou é falta de consideração

parece que x poeta estava engasgadx
quando aquela palavra vai parar lá embaixo
fica parecendo que estava com soluço o verso
(alguns têm mesmo, soluços, engasgos
raros fazem disso um estilo,
de fato)
a palavra que era de cima, lá embaixo
intrincada no meio, perdidona na parada
desintencional.

pra mim, quando abro um livro
e os versos foram partidos assim
sinto que aquela editora me engana
como se me vendessem um disco riscado.
dinheiro? bem, estamos falando de poesia.

que isso fosse feito quando os recursos de formatos editorias eram escassos, difíceis, eu compreendo e acho até bonito folhear uma obra completa de, sei lá, drummond pela josé olympio e a quebra aparecer lá, por necessidade mas, hoje em dia...

ou é método de facilitar o correr os livros pras máquinas de imprimir (não será esta uma das questões fundamentais da literatura contemporânea?), ou é preguiça editorial, ou é desrespeito com o texto, ou é falta de escrúpulos estéticos. ou é só falta de ouvido no olhar, mesmo.

*

6
vou escrever o número seis para que renasça em ano que vem,

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