sexta-feira, 25 de outubro de 2019

agora é verdade eu sei eu sei eu só vim passar um alô por aqui porque não posso contar pra mim mesma a vontade que eu estava de escrever porque ainda estamos naquele momento da hibernação constitutiva de baterias rizomastcsics inside and between mas eu espero que não tenha que me explicar o porque pela primeira vez na vida não estou angustiada com a porta de silêncio que é depois de terminar um livro. cinco ou seis espadas depois ou melhor degraus que vou afiar com meus dentes quando eu voltar a escrever eu mordo. mordo o que por hora passa como uma sereia que canta e já dizia a dona disso tudo como canta uma sereia de papel.

aquele aham de garganta seca pra recomeçar

não deve ser a primeira vez que volto quando não consigo escrever, o que acontece é que desta vez não estou nem tentando, por vezes sinto o corpo de um poema se aproximando com sua massa de desejo querendo tentação e tentáculo esse tipo de joguinho de palavra doido por causar um frisson qualquer na gente – mas eu hein agora não sou mais severa e mística agora eu sou só 

alguém que por vezes pensa no que herberto helder queria dizer tanto com as casas, ou a cabeça de apocalipse daquele superlativo fogo em forma de forjar ferro brasa que não vou dizer que foi você porque fui eu mesma que espetei feito gado, ovelha

depois coloquei o sentido na vênus em sagitário, ela saiu girando, girando entusiasmada

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minha psicoterapeuta eu não sei se devo chamá-la assim mas eu contei dois sonhos pra ela porque faz uns anos que já não é qualquer sonho que eu venho aqui e escrevo no caderno público de sonhos porque meus sonhos com a coisa pública certamente são outros como nesse momento são outros os sonhos de quem tem mininamente um coração. 

a psicoterapeuta me disse que meu inconsciente é muito meu amigo e eu agradeci porque foi um elogio carinhoso em relação ao meu maior trabalho afinal nos últimos mais ou menos 2002-2019 anos tem sido isto ser amiga do meu inconsciente pra ele vice-versa, oh relações de convívio, que elas não se esgotem nos outros, que elas não se esgotem em mim mesma. 

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 as diferentes catástrofes ambientais que aconteceram e acontecem em 2019 tem me feito chorar. 

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já é quase novembro e esse é o primeiro texto que vim aqui escrever esse ano. alforria blues, meu princípio que foi depois do princípio mesmo, eu afinal já tinha até matado o príncipe e virado o rei. depois vieram gregos, otomanos, todos eles passaram e ainda passam, estão a caminho de voar dessa para uma outra estrutura, como esse texto que por exemplo já não diz absolutamente nada faz algum tempinho mas mesmo assim eu continuo escrevendo porque não estou absolutamente a b s o l u t a m e n t e preocupada com isso nem com as coisas algumas que são pouquíssimas e têm em si mesmas umas testas tão franzidas que dá vontade de passar óleo de carneiro e comer com alecrim. 

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sou alguma coisa equivalente a uma cárie de uma massa estelar que acontece assim começa a roer roer não quer mais parar até bum vir o buraco negro que ilumina mil desventuras.

desventuras aventuradíssimas 
posso prometer em cada brilho zinho.

uma coisa que eu tenho feito com recalque é moer com farinha do que tiver. depois salpico num papel de empadinha, dobro duas vezes e devolvo com cascalho escrito assim: por que você não pega seu ressentimento e come com farinha pra ver se amadurece?

em outras palavras teve uma vez que me explicaram que é só dizer assim: não se mete comigo que eu _________ 

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na lacuna coloque por cima o seu maior medo, depois ressuscita daí e vai cuidar da sua vida. 

 

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