segunda-feira, 4 de abril de 2011

o vento vivo do Tejo

hoje voltei a patinar. receio de começo, desviando com o pé por dentro a bota mal fechada, pelo tempo os fechos secaram até destruirem-se e de nada existirem. mas é voar, dançar com o vento, o deslizamento do tempo, o caminho que me lembra e amanhece na memória, estou pra chegar aos quinze anos, de volta. e poder escolher certas coisas. ontem percebi que diria pra ele,o "ele" dos meus quinze anos ESCUTA AQUI CARA VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO O QUÊ LIDANDO COM QUEM VOCÊ PENSA QUE É? mas isso só se desse pra voltar no tempo. agora meus joelhos doem um pouco, talvez seja a idade que me faça perceber, mas na época já doía.   na época quando eu olhava as estrelas do céu de um clube com o qual tenho sonhado, e que ficava a 500 metros da minha casa, com a qual não tenho sonhado, mas com as redondezas, talvez doesse já, mas eu só pensava no prazer do gatorade, e quando olhava as estrelas elas não eram bonitas como hoje são. e cintilando de jeito de não quebrar os joelhos nem os tornozelos mas sucumbir ao risco da velocidade e pensando em toda a tarde que passei lendo octávio paz e vivendo pela imaginação de um ou quatro amores que não tenho como tudo é vento entre os dentes que não corta, é primavera, michel foucault era um gênio, e pretendo voltar a patinar toda essa primavera e todo o verão, até que as chuvadas me impeçam e eu pense de volta como era bom, como era bom e, mais uma vez, atente pra esperar. que escrever, amar, viver, patinar, tudo isso é (e junto) (e comer e beber e ler e amigar e ouvir), o que importa. e de algum jeito achei um pássaro, meu muito vivo pássaro, que já há alguns anos se desvia por entre as árvores.

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