sábado, 23 de junho de 2018

vejo no outro hemisfério meus amigos saindo de férias e aspiro todos os insetos que morreram com o extermínio desejo conseguir trazer meus gatos e daria muito mas não meu aspirador por uma barra de chocolate necessário seria só atravessar a rua para conquistá-la e muitas vezes nas redes sociais eu aperto enter entre uma frase e outra só para entenderem que se trata de um texto de ficção ou de uma liberdade artificial para falar uma coisa ou outra afirmar frases sem sentido como porém o pior é o melhor em mim mas cheias de sentido pra cabeças literais cartesianas hegelianas blablabla se assustam

domingo, 17 de junho de 2018

afundar
ir um pouco mais
centrar um foco
fui me colocar no canal
o canal era forte demais
agora vai com o lamaçal sem sem fundo sem fim eu penso
não quero estar assim quando ele vier quando ele vier estarei por cima do poço
tapando ele lá embaixo sufocado de tanto sentir vontade de abrir a tampa o meu carinho
vai dizer em forma de escárnio
não recusou o éden? então toma o iceberg
e no fundo dizer as coisas assim é voltar a menina de 20 anos que escrevia em blogues
numa forma encarecida de conseguir dizer alguma coisa mesmo que a cifrasse tanto
não por verso ou ritmo mas pelo segredo pela necessidade de tornar de levar pela sombra
de empurrar
qualquer coisa de não dito por cima duma camada de açúcar chocolate cianureto e naftalina

o quê?

todas as luzes em mim multiplicam quando eu fui perceber que no meu primeiro e no meu segundo havia uma preocupação central com o "eu" que ela desapareceu no terceiro e no quarto virou um "tu". é quase sempre bom ter um "tu" no quarto até que é insuportável porque o destino da independência é perder-se em comemorações que se esvaziam — tão facilmente — de sentido. fazia tempo eu sei que não havia uma liberação dessas de sentido, que um deus dará facilmente agente de tudo recorrente e ente fundamental da aristotélica condição perdigueira da experiência.

como eu espero que não me tomem à sério e ao mesmo tempo que delicadeza maior as coisas poderiam oferecer além de um ou outro um ou outro um ou outro desaparecimento ausência intervalo silêncio degredo exílio distância etc etc etc topos contínuos das cordilherias deste bairro onde venta todos os dias muito e eu não vejo a hora de mudar de casa.

como se fizesse os dons os tons sobrecargas 

eu olho as coisas todas como algo mais a resolver pra lidar que dê trabalho e acho que isso é algo de rins cansados e vontade de passar o inverno todo hibernando uma solidão complexa de explicar porque talvez seja a primeira vez na minha vida que tenho tão absolutamente alguém em mim mesma e finalmente ainda bem ainda bem fazer alguma coisa sem nenhum propósito penso é isso que preciso fazer coisas sem nenhum propósito e fazer nada também sem isto ser chegar ao grau menos zero do sujeito individual esse apagado aceso apagado aceso apagado aceso

porque há algo nisso que é mesmo assim na minha consciência: que só se ascende / acende quando está apagado algum nível de atenção interpretação não sei se com tanta clareza eu conseguiria lidar com as coisas mais profundamente profundas mas assim eu não quero chegar a gerir a gerar uma outra hidrelétrica de potência que vou fazer de tudo pra que tenha júpiter em sagitário

júpiter em sagitário <3 em="" j="" nbsp="" p="" piter="" rio="" sagit="">

o que isto significa? que você tem que estudar. depois de passado tempo demasiado achando que já estudou bastante esqueça tudo que estudou e perceba o que você entendeu a partir do que você entendeu desfaça o que você estudou e refaça através da prática. pronto, aí sim,

quinta-feira, 7 de junho de 2018

os seios da face

descoberto o rumor dos dias
sim eu cheguei demorou
mas posso sentir
o outono nos ossos
o vento estampa
os seios da minha face


sólido é o vento que leva as coisas embora

nesta época dos 28 dias
a minha pélvis é o epicentro do mundo
eu sinto todos os meus músculos
no esforço de subir a rua
os pulmões expandem
tanto que eu tusso

sólido é o vento que leva as coisas embora

metade desse ano já passou
rostos amarelados
fria luz de mercúrio
as roupas são todas cinzas, marrom
o cinza se espraia no vento
e afia a face das pessoas
que vem na rua
que vem na minha direção

sólido é o vento que leva as coisas embora

você sumiu tanto
em cada rosto
que cruza comigo
há uma face cinza
que tem o seu rosto.

na tua grande face

descoberto o rumor dos dias sim
eu cheguei demorou mas
posso sentir o outono
nos ossos dos seios da minha face
o vento estampa

nesta época dos 28 dias 
a minha pélvis é o epicentro do mundo
eu sinto todos os meus músculos
no esforço de subir a rua
os pulmões expandem
tanto que eu tusso

rostos amarelados
fria luz de mercúrio
as roupas são todas cinzas, marrom
o cinza se espraia
pinta cada uma das faces das pessoas
que vem na rua
que vem na minha direção

você sumiu tanto
que cada rosto
que cruza comigo
do outro lado da rua
é cinza
e tem o seu rosto.
 

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