terça-feira, 28 de setembro de 2010

já é a 2a noite que sonho com saúde esta semana.

tinha alguma coisa haver com bile, um amigo aparecia e me dizia que os órgãos estavam tomando conta do mundo e eu tinha que escolher uma cor. Amarelo, e a bile tomava conta de tudo, principalmente de umas verduras que estavam sobre uma mesa, mas eram a horta do lugar. e o amigo dizia "não soube te amar, a bile tomou conta de tudo".

(?)

antes tinha sonhado um sonho bem bergmaniano, de que eu estava sentada na minha própria frente e olhava minha pele bem de perto com uma lupa e me dizia "tá comendo muita gordura, pode parar com isso".

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acordei e enfrentei o congelador congelado há meses. ia passando um paninho embebido em água quente, inútil. daí achei uma marreta de amassar bife, e me senti um esquimó tentando invadir a própria casa. meia hora de marretada até a porta fechar. meus braços tremem do esforço matutino.


um ano em Portugal, hoje pela primeira vez cozinho bacalhau.


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lista de amores (ou de como o tempo passa e algumas coisas se confirmam): drummond, clarice lispector, hilda hilst, herberto helder. amém nóis tudo na admiração.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

a rainha do perdão

olho para um lado, também ao outro. não sei onde foi que deixei aquela força?

já não é a primeira vez que me dizem que não estão à minha altura. eu devo ter muitos metros e pernas de gigantes que de tanto comerem borboletas subiram pra depois do pé de feijão do seu Adamastor. no ano que vem vou abrir um concurso pra mim mesma, e como vou ser a única concorrente, vou ganhar.

lá do alto do meu prêmio vai ter uma faixa no meu peito:
                                                                    MISS MADRE TERESA DE CALCUTÁ 2011.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

no mesmo lugar, as coisas só acontecem no tempo.
eu olho para um lado e o meu estômago para outro.
sentimos medo, ferimos.

convidei-a e fiz uma regra para essa noite: Terra, não simule terremotos em Lisboa. enquanto durmo, façamos leis: separa o livro do corpo, pois misturá-los é voltar e dar adeus na curva que já dobramos.

A palavra é nunca. A palavra é pouco. A palavra é fechada.
Não há grades. Há desatentos presos. Há presos pela atenção.
Alheia, própria. Há a prisão e há o caminho.
É um campo e depois uma jaula. É um campo de jaulas.

Onde já se viu enjaular o sonho dando o nome de liberdade.
Onde já se viu? Em todo lugar!
Com a placa na frente (o mapa do zoológico sou eu): LIBERDADE. Se liberdade é coisa que passa, não que se estabiliza. Livre é fluir. Livre é onde não estás. Liberdade é esquecer o nome
de quem? Jaula.
puxa. choveu nas minhas roupas. e eu não estava em Lisboa. foi em Lisboa que choveu?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

acordo, ontem de manhã e não sei escrever. meus dedos foram tomados de uma variedade sintética de fundo, ficam retraídos. começo a me lembrar de nunca comparar corpo com livro, a não ser se for pra crescer o desconforto disso, como quem diz "meu estômago, esse grande inimigo". eu olho para um lado e o meu estômago para o outro, no entanto. ou tratar a dor companheira e o livro como terreiro da saúde? bah! também não enjaular qualquer procedimento ou delírio dando o nome de liberdade. onde já se viu, com a placa na frente (o mapa do zoológico sou eu): LIBERDADE?


domingo, 12 de setembro de 2010

entendimento e decepção

o marcos postou e me lembrei que meu pai me levava pra escola cantando everybody knows that our cities we're built, to be destroyed e como na época ele só escutava jazz, eu tinha certeza que era uma música da billie holiday. meu pai tinha (e ainda tem) em cima da mesa de trabalho uma foto dela. além dela, em um porta-retrato muito bonito porque simples, só uma armação-pinça de metal e um vidro meio verde, feito lente de óculos, por cima, tem esta imagem:



durante coisa de uma década achei que o kafka era meu avô jovem.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Agora Senhor,
dá a teu servo
um coração
capaz dessa escuta.

Primeiro livro dos Reis - Tradição hebraica



Quantas vezes deixámos de fazer sacrifícios e de enumerar
os teus títulos honoríficos? Por que és tão avarento?
Se não te modificares, iremos deixar cair no esquecimento
todos os teus nomes honoríficos.
Que sorte será depois a tua? Podes limitar-te a comer gafanhotos.
Torna-te melhor, para que não te esqueçamos.
Para que serve fazermos sacrifícios e louvações em teu nome?
Tu não nos dá colheitas, nem gado em abundância.
Não pareces sequer reconhecer os males que nos preocupam.
Por isso vamos repudiar-te completamente
e dizer aos outros homens que deixámos de ter os espíritos
dos nossos antepassados.
E és tu quem sofrerá com isso. Estamos zangados contigo.

Zulu- África do Sul


In: A oração dos homens - uma antologia das tradições espirituais. Assírio & Alvim.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

brasilis

é claro que, ao contrário do que pretendem os que divulgam isso, pra mim essa ficha faz dela alguém mais presidenciável,




essa noite eu estava no alto de um monte, na frente de um palco onde iria começar um show, era de tarde, e eu resolvia descer pra fazer não sei o quê. pegar minha mochila? então reparava que ela estava nas minhas costas e eu resolvia subir. o caminho se multiplicava em 200 vezes e virava noite. ouvia o wisnik tocando no palco e percebia que eu estava no campus da usp. algo me fazia me sentir em casa, ao mesmo tempo que a polícia vinha atrás de mim. cercas se colocavam pelo caminho, feito uma falésia cheia de cercas de quadra de tênis, e eu aprendia a saltar as cercas, até que as próximas estavam lá com aqueles pregos pontiagudos que me impediam. e eu corria por todos os lados, com a mochila nas costas, e conhecia todas as músicas que tocavam, de longe. outras pessoas tentavam a mesma coisa que eu, não conseguiam também. levantei com o barulho de um avião, que, juro, parecia que tinha transformado o meu quarto no aeroporto, de tão perto que estava, e veio se aproximando, se aproximando (eu estava acordada! não era sonho) e desconfio que foi por pouco que o avião não bateu, não caiu, não fez do tejo seu destino final.






me questionar sobre a pertinência desse diário em público seria uma neurose comum demais nesta nossa aflita geração. então, às vezes me questiono se tb deveria fazer interpretações dos sonhos, assim, públicas. isso porque, quando eu releio os sonhos aqui, não lembro mais porque os sonhei, embora quando escrevo pareço saber porque os anoto. então, registro da interpretação. mas acho que quem ler acharia explícito demais. eu não sei. tb a vergonha, ando perdendo cada vez mais,

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

'mocionei



"don't hurt my pride like her / 'cause I couldn't stand the pain /and I / would be sad if our new love/ was in vain"

essa era das minhas músicas preferidas aos 16 anos. mas eu não tinha quem tivesse me hurteado o pride, ou que tivesse loved in vain.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

por que tantos de nós, quando choramos é em Lisboa tanto?
 

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