domingo, 19 de maio de 2013

os anéis de netuno

estou lendo um livro dos anos 70, que fala da vida secreta das plantas. é engraçado que uns anos atrás eu não daria a mínima atenção pra um estudo como esses, consideraria místico e, displicentemente, me colocaria a ler algum poeta moderno de alta consideração. mas fico a cada dia mais siderada pela potência que um chá pode ter (seja ele ayahuasca ou tília, e todos os etceteras que aqui cabem), que há algo que as plantas encaminham, ajudam a curar, a limpar, a entender, e num ambiente mesmo, a presença das plantas facilita tudo. meu pai, eu já disse?, meu pai é um construtor de selvas. mas o mais engraçado que eu acho no livro é que ele está em castelhano, e muitas vezes eu me sinto lendo Cortázar. então todo o misticismo científico parece um jogo, uma jogada de ironia cheia de amor, e o texto se revive de si mesmo, na sua própria celulose, e se integra ao que eu já conheço. fico interessada e dando risada. isso não diminui o conhecimento ali exposto, nem o torna ficção, assim como tornar ensaio um poema não o faz científico. é como se cada coisa em seu lugar, revisitada pelas outras, cada coisa de fronteiras abertas mostrasse mesmo o poder dos encontros. pra que separar tanto? a vida é cheia de liberdade.

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