sexta-feira, 29 de maio de 2015

Perdi meu amuleto, depois achei.
O âmbar do mar báltico me espera
na outra ponta de Lisboa.
Embora a morte de ilustres
a cada dia mais cotidiana
não é só a cidade
afogueada de vermelho
veja bem,
veja meus olhos,
tantas coisas a fazer
nesses dias de fuga
a melhor delas é que percebas isto
mas eu teria que ter garganta.
Grafite, que era pouco, nunca usei.
Gasta-se como o tempo
nas solas dos sapatos
nas calçadas brancas.
Embora haja o aprendido
de carregar minhas coisas
limpar os ambientes
tomar chuva sem chapéu
e falar duas línguas
numa mesma língua
numa mesma língua
ainda não sei se "grafite" é masculino ou feminino.
São tantas as nuances do desejo.
Quando chega o fim
é assim a gente se confunde
sempre pensa ligeiro e lento
onde estará o alicate?
Que tenho de levar
para arrebentar o elo
que desaprendeu a amar
depois de ser do sol
onde criava caminhos
agora vê só a marcha lenta
o nevoeiro dessa terra
onde as folhas ainda caem
sustenidas pela minha saliva.
É a mesma salina memória que vem do rio
e que tantos ouvidos furou até que cantassem
a mesma salina memória que vem do rio
e que depois de parecer brisa
revela-se entranha
e pesa
nas ancas
tanto quanto gruda
os calhaus na orla.
Caiu a noite
lenta
a cidade
se dissipou?
Não sei.
Sei que choveu no adeus.

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