segunda-feira, 7 de setembro de 2015

ainda

calor sadio
alternativa o coração rio
corre dentro
corre fora
o córrego foi embora 

suspiro suo rio esqueço
meto águas no sofrimento
as éguas bebem sim
o tabaco limpa tudo por dentro
sou eu meu recomeço
escrevo pra soltar
o rumo vai desabrochar 

fazia muito isso quando era adolescente
escrevia pelo rumor o som um fulgor ascendente
só veio depois.
eu não conseguia dizer nada que tivesse sentido e som ao mesmo tempo
fortes 

depois a faculdade teceu a racionalidade dos textos
a faculdade de letras me ensinou a escrever, sim
porque nela eu aprendi a fazer sentido
escrever sobre textos foi um exercício fundamental
para aprender a escrever nada funciona além de escrever 
é por isso que eu treino muito

no fim da faculdade decidi que era isso que eu amava fazer
que eu sou isso
escrever 

mas foi só com a ayahuasca
entrando na minha vida
isso já deve ter uns dez anos
que consegui conectar
soltura gesto desejo tesão
ritmo esquecimento sentido
memória tradição vontade
inconsciente afirmação
& muita ambigüidade
& muita abertura
& muita canalização
nos textos

agora estou atrás também da medicina

divago abismo rito mito
preciso deixar disso e atentar ao não fixo
estou viciada nas formas que conheço
não encontro fórmula nenhuma onde não padeço 

curioso. curioso.
sempre reaprender para esquecer.
fazer para reaprender. 

eu mesma não me interesso muito mais
do que pela experiência
nas mínimas coisas 

você sabe por onde eu ando?
sempre pelas minimas coisas.

às vezes ainda não deixo os outros falarem
não enriqueci
não vou enlouquecer 

tenho mais tensão do que medo
entre meus rigores está a flexibilidade
o limite e também a aceitação 

sou muito grata por ter visto a morte
e também muito agradecida pela nuvem ter saído de cima da minha cabeça 

minha cabeça aberta pelas nuvens
enfurecida e calma

nos trinta e um ritmos que tenho no meu coração
jovem ainda o suficiente
espero que por muito tempo
ainda 

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