domingo, 15 de novembro de 2015

como se escreve amor, como se escreve rigor? alguém sussurrava enquanto eu tentava entender o modo como a alga dentro do aquário gigante tinha sido plantada? era do mesmo modo, seria assim pelo gesto tão arbitrário quanto incisivo: eu voltaria: a escrever. toda superfície será colonizada pela respiração da minha pele, eu incendiarei os calendários pois não deverei nada ao esquecimento,

quando não souber mais o que perguntar dobrarei duas vezes uma mesma esquina, subirei os montes dos montes pelos montes e através dos montes com você do meu lado, me mostrando como se escreve a mesma palavra que me perguntaram os ouvidos sensíveis: como se escreve amor?

— sentindo, eu respondi.

porém alguém em mim entendeu: "sentido" e se sentou na necessidade de ter razão. sentia-me puro fragmento, mas não estava perdida, estava em frangalhos com os pés longe do chão, com os pés muito fora do suficiente. como se fugisse. e nesse fugir, se desgastasse.

pois havia uma órbita, havia um eixo: tantas vezes o mostrava com as palavras que havia voltado atrás pra ver o outro lado, atravessei a fronteira pra ver se de fora do eixo as coisas continuavam confusas. e continuavam! mas como era necessário agraciar o caos, nem que fosse para, depois, recuá-lo — sem nunca o recusar.

de tão aceso o turbilhão se desmontou e fez rigor.
foi assim que nasceu a minha voz.

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