terça-feira, 14 de maio de 2013

quantos a ouvir a estação

isto é uma miragem, na verdade, estou sem internet. e o vulgo fato tem me feito querer mais, eu que queria só esquecimento e naturalidade, sem constrangimento, percebo assim: nada me interessa mais nessas tardes de primavera do que o suco de damasco apricot alperce orgânico e austríaco que descobri. imagino o rigor daqueles entraves amassando as frutinhas, até o enrondilhado das fibras fazendo contraste cada fruta o seu sabor, dentro de uma caixinha de tetra pak que veio parar até mim. às vezes admiro a tecnologia, às vezes admiro o campo, ambos juntos é muito convívio de humanidade. aqueles raros "e ainda bem", ou descobrir finalmente as flores de sabugueiro, e beber, beber até destapar os ouvidos. 
e escrever, escrever, escrever até não ter mais o que dizer nem o que sentir. ontem reparei no convívio deglutidor que é um poema, foi lendo os poemas do holderlin que postei logo aí embaixo. não quero nem saber de nada mais, mas me prometi que só escrevo um poema novamente quando for insuportável o júbilo de animar uma montagem. o poema como uma marionete, é no que acredito. as emoções coletadas, compostas na violência de um novo corpo. corpo = beleza.  sendo que o igual ali atrás foi cheio de dúvidas. corpo = ruído. e tantas outras equivalências poderiam ser transpostas, até encontrarmos aquilo que já sabemos: que nunca saberemos a quantidade de coisas que cabem num corpo, mas são tantas.
eu vou guardando tudo isso. aguardando aquele momento em que vou voltar a escrever o meu trabalho. isso aqui não é o meu trabalho. isso aqui é a minha respiração. por acaso você considera que um e outro são a mesma coisa? é importante averiguar as equivalências antes de acreditar nelas. ou acreditar de olhos fechados, acreditar tanto ao ponto de repetir uma palavra, um punhado de versos. seguir tendo fé e descrendo. tendo fé e descrendo. se eu fosse um trem (um comboio, são tantas as palavras que se equivalem em nossas línguas, e cada uma delas é insubstituível) um trilho meu era a fé, o outro a descrença. sim, eu apito. e passo por cima. 


ps, este texto foi escrito para o bernardo. e com o pensamento no filipe.
ps do ps, também foi com o pensamento em ezra pound, porque hoje de manhã joguei i ching e o hexagrama 11 me lembrou de encontrar aquilo que se preserva na liberdade do novo. na herança há confiança, e o futuro é o calçado destes pés, 

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