sábado, 1 de fevereiro de 2014

das chegadas

muitas narrativas por fazer, em toda parte. qualquer lugar que eu chego é a mesma sensibilidade. já dizia o outro "o corpo é que paga", no entanto estamos ouvindo noel, já temos panelas, o lixo é novo e quebrou tão cedo. ele instalou novas luzes na cozinha, funcionam tão bem. melhor que eu mesma, que estou limpíssima, embora a tosse. purguei tanto pra chegar aos príncipes. não os gordos príncipes das peles de frango, os príncipes das cintilações, que sobem pelas ramas das unhas de gato e se prendem aos muros com tanta fibra e - por que não? - delicadeza.
é curioso que são paulo me pede outra ruptura, embora ela também estivesse presente nas coisas que eu sentia, escrevia ou queria em lisboa, a ruptura era mais mental por lá, quebrar com as mentalidades vigentes. aqui eu (ainda? nunca?) senti isso. aqui é quebrar a própria mentalidade. destroçar a mentalidade estiolando junto com os urubus que passeiam entre os girassóis. 
sem dúvida entro na cidade com outra mentalidade.
por um lado vim da europa trazendo notícias amazônicas. 
por outro lado tem mesmo o lance das calçadas, dos contentores, das coisas públicas. 
embora isso, estava cansada da decadência. isso aqui é um descontrole arrumadíssimo, 
a cada dia que entro no metrô amo mais aqueles que trabalham no metrô e fazem as engrenagens funcionar
(escrever isso num verso, escreverei isso num verso) 
perdi metade do meu ano passado numa bobagem do disco rígido 
e agora não tenho nem um word que pudesse editar uns poemas novos
que ainda não escrevi. 
sempre esse abismo, essa emancipação do gesto, como se fosse possível que o poema escapasse de mim. 
escrevi o "cantos de estima" neste apartamento.
os livros que chegaram vão ter de se adaptar. 
tudo que é, é o nosso. 
dá-me estrutura e flexibilidade, o resto é o que virá.

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