sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

é o maior domingo do mundo
nasceu para ser longínquo
pois tentamos acessar
tudo aquilo que não há mais
os que viraram clarão
o abajur quebrou o porta retrato
os retalhos de fulano que era primo de sicrano
que morreu atravessando a rua
que leva o nome do tio Bébé
o que alforriava na praça Chagas.
o que morreu de overdose foi pela outra parte
do rio.

no maior domingo do mundo abriu-se
um sorriso, na falta de sorveteria
(estavam todas fechadas)
e do sorriso saiu uma língua
encharcou-nos todos de baba

sem esquecimento nesse domingo maior
encharcamos a cara
até sentir os pulmões muito fundos
parafusos de aço prendem
nossos troncos respiram
lá nos fundos dos confins
essas tosses hereditárias
o catarro hereditário
as melhores rabanadas
pernis bacalhaus
singelas violetas num parapeito de janela.
mas ninguém
percebe.

os que chegaram
muito novos ainda
não entendem as noites
embora por ela esperam
os pacotes imensos.
não sabem do remorso
navegam pelo grande intento
e, bem tarde, choram

como nenhuma expectativa se cumpre.
é a lei da vida.
eles também não vão aprender.

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