quinta-feira, 15 de julho de 2010

um país planctônico

o vento em Lisboa às vezes é tão forte que é como ter passagens a arder

sei que minha máquina de escrever está cheia de pêlos de gatos, mas eu não tenho mais gatos. e nem um aspirador de pó para retirá-los. não sei o que é então que estou fazendo da minha vida se não tenho gatos nem um aspirador de pó nem um homem pra me fazer esquecer que não tenho gatos nem aspirador de pó nem pai nem mãe por perto só uma garrafa de vinho do alentejo uma meia dúzia de livros de poetas mortos (que são tudo menos mortos) e também não foram eles que sujaram a minha máquina de escrever. ah se pelo menos eu tivesse aprendido contigo a leve arte de precaver os objetos da deterioração, mas nem isso, minhas calças sempre rasgam, as palavras ferem, e desconfio que ninguém, nunca mais, ninguém, entrará pela minha porta a não ser que seja pra dizer adeus, que nunca estive aqui.

Um comentário:

bernardo rb disse...

putz, no estrangeiro é como se isso ficasse o tempo todo em potencial

 

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