uma pomba em cima do parapeito da igreja de Santa Luzia olha um eléctrico passar. é da natureza dos eléctricos, passarem, soarem a campainha e se encherem de turistas. dia desses vi uma gaja velha batendo com a bolsa num alemão e dizia PARA TRÁS PARA TRÁS, que era pra ele parar de emperrar a porta de entrada do eléctrico. o cara não entendeu nada. às vezes não há comunicação. cortam o saldo do meu telefone, eu fico sem responder pra ninguém. mas pode ter um depois. e então um senhor desceu do eléctrico com sua boina e disse "ô pá! se é pra ser assim não queremos ser Europa". como se dissesse, pra que tantos alemães, meu deus, porém meus olhos não perguntam nada.
da série problemas da primavera: não posso me guiar pelas roupas que vejo as pessoas do miradouro usando, pra saber se está frio ou calor. primeiro que há sol por lá e life could be so sweet on the sunny side of the street. depois que são gringos do norte, esses 18 graus que rompem as raízes dessas pernas brancas e brilham de euforia os rostos já vermelhos. daí quando entro no mundo português eles também ainda estão usando lã de noite. e eu tenho que sair com protetor solar.