sim. tem algo de vertical, necessariamente, no escrever. mergulho, mesmo. quem vê o drama quando se precipita sem máscara. muito difícil tem sido, cada vez mais, escrever como uma coragem da inocência que talvez a idade vá transformando em outra coisa (talvez o Quiroga tenha mesmo razão, e a opção da calma amorosa já tenha tomado conta das minhas escolhas, em encruzilhada ultrapassada das escolhas de paixão. será?).
quanto a escrever, uma dificuldade de perceber pra onde é vertical no redemoinho. entrar de lado pela malícia. é mesmo perigoso, uns lados de onde ir. delírio, abismo, vertigem, ou ao ver o redomoinho por dentro, o que se pega com a mão e coloca como objeto, aqui, bem de frente, pra olhar? tem muita coisa por aqui, girando.
girei a mesa no quarto: agora estão apoio e cadeira inclinados pelo piso, meu lado esquerdo mais alto do que o direito - não deve ser bom para a coluna; perdi mais da metade da área livre do quarto; correrei todas as noites o risco de bater a cabeça se me levantar errado da cama; mas assim daqui eu vejo o Tejo e é tão bonito que chego a ficar constrangida
(como é só pra mim).
resolvo fazer um jantarzinho hoje à noite e convido 15 pessoas.
tenho sonhado todas as noites mas de manhã só me lembro de um pedaço. a cena que lembro de hoje é que me convidavam pra jantar num lugar que em São Paulo eu iria fácil, mas era aqui em Lisboa e eu me sentia constrangida pela riqueza. sabia que não tinha dinheiro pra pagar. e também duvidava um pouco do prazer daquela companhia.
desejo transformado em auto-satisfação / auto-satisfação transformada em desejo
(ai os perigos de uma concordância).
consegui todos os meios pra falar com ele, mas estou séria (velha?) e não me articulei. acordo que não acredito na desculpa muito trabalho que me usei ontem. simbora com o medo, mas, no mais, eu te adoro, madureza.
se calhar saudades daquele tempo ain't no mountain high enough
viva o verão!
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