hoje
fiz das coisas mais importantes da minha vida. o "ofício cantante", do herberto. tem algo que tem sido difícil de dizer, porque não é um derramamento e talvez os meus pés não estejam leves o suficiente - então me sentei. antes de me sentar no largo onde nasceu o fernando pessoa - largo de são carlos - no 4o andar - eu não sabia antes de sentar - eu voltei na livraria porque tinham me dado 5 euros a mais de troco. assírio e alvim. se fosse a fnac eu não voltava.
hoje
percebi que faz tempo já que sei que a intensidade não está no dizer tudo, mas no corte. coisa que como ninguém ana cristina césar soube fazer. e herberto helder. al berto não.
hoje
me sentei com a obra completa do herberto helder no sol do largo de são carlos e vibrei como as folhas enquanto lia. todos os portugueses só queriam os bancos com sombra, eu justamente o do sol. li, não posso dizer que chorei, porque desde manhã chorei do mesmo jeito o dia todo. uma comoção pelo foco que as coisas tomaram nos últimos dias. uma comoção pelo fato da reincidência e de que hoje eu leio herberto helder porque numa aula vinte anos, não, seis anos atrás caiu na minha carteira um xerox e era como um corpo de deus misturado com muita aveia e gaze, todo enrolado. para ver sua face eu precisei tirar a aveia e a gaze com os dentes, comê-lo. então o deus ficou nú e me disse: sou tua vida. eu acho que meu primeiro princípio de amor coincidente com este caminho, vir morar aqui, foi. foi naquele lugar onde quero viver, onde o espaço se desloca no espaço. mas tudo isso sobreposto, meu peito como uma casca de noz de onde se tirou o fruto cedo,
hoje
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