No dia em que te conheci, foram os olhos as forquilhas que te alcançaram.
Para entender a memória é preciso entender o que são os olhos.
Para entender o que são os olhos
o que me leva pelos lugares do que foi
não a é vontade de neles estar.
Mas saber que não estar neles é hoje estar contigo.
Te acalma com a mão sobre a rocha.
E embora nestes sítios ainda
estalo. Quando passo. O que caço,
me caça. É o amor que vem ou já passou?
Se for o vento, há em mim quem venha só.
Sou estrangeira, não sou ninguém.
Aprendiz que sou mais é do temor
passo a passo
limo até alastrar
a língua
por cima
falo falo
sobre os tremendos ossos dos pés
até perceber que não há como esquadrinhar a angústia – que falar dela é como pegar numa bic e rasurar por cima de uma tabelinha até esconder o grosso – e guardo nos bolsos
o silêncio agora
é como se tivesse um ladrilho tão gelado
a fenda de quando intento fugir
é fascinação pela cria que uma fenda deu entre os meus seios
e se eu me reconheço caverna, casa cativa
por que não seria eu a fenda que alimenta
uma fenda que se cria
o lugar por onde passa a luz
da tua violência.
Sou a fenda por onde passa a luz da tua violência.
É a minha armadilha: forquilha que olha
no fundo, tudo que gosto é de veneno e de desapodrecer
ao veneno puro deste ventre sirvo
este corpo é para isto
serve ao vento de veneno puro, purifico.
E se encontras todos os caminhos fechados
é porque lá não estás.
Então você quando vir a fenda de mim
levante, me olhe
o suficiente e lance:
p ---edra.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
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