eu pedi à terra
eu pedi à terra
para não ter dúvidas
mas se eu fosse a terra
não seria poeta
os lugares podem mudar
as paisagens podem mudar
o corpo este depósito
de emoções
a yoga mexe com o corpo do grito
e eu querendo ser trigo
e eu querendo ser terra
acho que meus problemas todos nascem de tomar o mar
tomar o mar
a água salina
apodrece o sangue
mas não é isto que eu queria dizer
não
eu ia dizer que o mar com a sua horizontalidade sempre cambiante
talvez venha dele a minha metamorfose
quando todo mundo sabe que é do fogo
que só o fogo é capaz de trazer
aquilo
continua
que por aqui
tem feito dias lindos
e eu pensando
em um jeito
de afirmar tudo
estancar tudo
desencalhar meus músculos direitos
virei a mesa
serei um pano de linho
sobre a table
merci monsieur cesariny
quero ser pedra alucinada
não calçada claudicante
porosidade que se atravessa
minério que se encharca
eu
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
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2 comentários:
encantado com esse poema. a vontade que dá é de reler várias vezes, pois é como se em cada leitura algo novo surgisse diante dos olhos.
é o tipo de poema que soa "completo" e que a vastidão da coisa está nele.
uma maravilha, principalmente ao chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho e me deparar com algo que me conforta, e esse poema me confortou, de certa forma, mesmo sem eu saber dizer o porquê.
parabéns, júlia.
antônio,
é engraçado que comentas vários textos que escrevo aqui e que antes de comentá-los eu nem tinha percebido que eles poderiam ser poemas.
muitas vezes acho que exerço com poucas abrangências os meus critérios; dentro da minha própria escrita, tenho limites curtos para o que considero poemas.
então você comentá-los assim, obrigada, também acaba sendo um jeito de me obrigar a prestar mais atenção em onde podem estar os dizeres de fato, em meio de tanto do dizer.
beijo.
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