Assustada sigo com os rumores
das saídas escuto as paredes
faço escudos quando só consigo
me abrir pro ritmo das coisas.
Atenção 
o homem inventou o avião
a dança e a caça
e pensa em, dia desses, alicerçar o sol.
No entanto as plantas continuam mudas
e o ferro se roça todo por dentro do betão 
se expande e espraia, a matéria 
tem ritmos diferentes 
e o atrito faz desarmar o concreto 
armado em questão 
de menos de um século . 
Com a sua pá e as chaves 
de nada o tempo abdica 
a tudo o tempo esfarela. 
Nós é que não temos velocidade pra ver
desaparecer a casa, as frutas, os limos 
onde o passado e o futuro se dão
as mãos entregando à ruína, um instante
tudo, estudo, és tudo em transformação.
O mundo não é sólido, 
meu bem, o edifício também. 
Entre eles, considero o enorme chão. 
Ossos na leva: areia de lava com água que lava, 
foi o primeiro modo de fazer concreto do mundo. 
Dia a dia, serás meu e misturarás o pó dos teus ossos com o pó dos meus. 
O fogo afinal amacia o ferro e forma a ligadura da costela.
Tão paciente quanto voraz
enverga comigo, pra durar 
a arma, amante
abraça comigo 
o coração sem centro.
sexta-feira, 20 de abril de 2012
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