quarta-feira, 3 de outubro de 2012

deito amarelo sobre o vinho

com o pensamento na maria
não tem jeito, não tem lugar que me sinta mais livre do que aqui. até a entrada de saturno em escorpião, estou de férias. numa grande vontade. grande vontade que não morre, só morre com a morte. meus gestos mais presos, isto quer dizer mais secos e certeiros. sou uma grande bondade de raiz. misturada com pêlo de nariz e jibóia. é isso que eu sou. jibóia jararaca mesmo naja levantando é o povo nesta crise. é como se nos dissessem "o circo não pode parar" só que em vez da palavra "circo" tivessem escrito a palavra "crise".
no entanto transatlântico e aquela euforia se fazendo espuma, espuma de raiva. de repente, no país onde tudo é possível, tudo de repente fica legitimado, deus contra todos, sr. rocha já dizia. a hilda veio falar comigo ontem à noite. ela me disse que tudo é precário. e cheio de banha, pra lambuzar as engrenagens. da mandíbula que é o músculo mais forte. não que eu ache que um sorriso custe muito, aliás, um sorriso ainda não custa nada, não é pra economizar sorriso, viu, menina.
então era madrugada e ela entraria pelos meus poros de terra. sou como um alho-poró: plantada e cheia de grânulos ao redor das minhas partes. uns dias atrás fui para o jardim, escrever o poema da espécie, e os cães ladravam em todos os quintais. considerei então a noite, fiquei sozinha com a imponderável. ontem, não. ontem vi os dois lados da madrugada: e, percebendo, escolhi que aquela noite ficaria linda e louca, mas sozinha na dela, que eu ia dormir. porque se não, madrugada que não te escolhe, te faz entristecer. talvez esse seja sempre o umbigo da madrugada, e quando a gente tem uma grande noite, que dançar ou gemer ou ler nos deixa tão felizes, é porque transitamos a noite, sem ela nos entristecer (muito).
mas o dia também, sempre volta, inabordável. a manhã te pede "pausa" e você com um sete de paus na mão, louco - louco pra blefar. cai na estrada, meu bem, vem comigo. ando toda nas polaridades e nos constrastes, algo disso há de se tornar desconhecido o bastante pra nomear-se como "seu caminho". 

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