Tudo se mexe, movimenta 
 e ataca mesmo a imobilidade
 entre os lábios de Tomás 
 enquanto ele faz silêncio  
 na sombra de uma árvore.  
 
 Não há nada falhado entre os dentes 
 se dizer não pode de Tomás que ele seja 
 daqueles em quem as palavras falham entre os dentes 
sentindo-se sempre 
 num ensaio de algo 
 que ainda não é a morte
 embora com ela se pareça
 pelo travo de silêncio.
 
 Se mexendo as folhas 
 vibram e como Tomás 
 passa os dias procurando um tom 
 quando o encontra fora de si  
 ele pode descansar. 
 É a brisa. Que nos contornos  
 
 como quem pousa uma jarra chinesa em cima da lareira 
 desavisado 
 de que o pó, a rotação da terra, flores ornamentando,  
 ou o imprevisto de um cotovelo que a espatifasse no chão,
 são mais que o movimento da jarra chinesa em cima da lareira. 
 São seu puro destino: acaso e esquecimento. 
 
 Essas eram as coisas que lhe importavam. 
 Além de um ramo de algodão 
 ainda meio vivo 
 que levava no bolso e às vezes 
 apertava entre o indicador e o polegar
 sem ninguém ver, por dentro do jeans.
 
 Não era o pensamento o único objeto mágico de Tomás.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
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