terça-feira, 15 de abril de 2014

*

Isso também
me conta mais
a respeito daquela técnica
de prever o futuro.
O futuro? Tem orelhas,
mas é surdo. E é manco
se arrasta sem espanto
mais alheio do que lúcido
com o nosso despreparo.

Se fosse um deus amava o humano, mas como não existe
o futuro tem de amansar seus ventos, marcando as peles,
as montanhas. Sendo um gênio, não é um exército
de cronogramas, nem de antecipações. 

Tem firmeza de flor, e é invisível
reconhecido em seus efeitos 
brisa, furacão.

Nunca adiado. E se ama os despreparados
lhe sabem tanto os que fazem quanto os que esperam.   
Os otimistas valem mais
valem quanto? Cem bifurcações,
sucessivas gerações
de bem aventurados
que topam em pedras,
cicatrizam e correm
bem alimentados
com fome de mais
alimento. 

São seus sinais
os imprevistos, os cavalos
os pontos cardeais 
os sete sentidos e os setes buracos da cabeça.

Virá. E nunca.

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