agosto começa sempre
não me lembro bem
quando eu era criança
voltávamos pras aulas
e eu já não tinha a ansiedade
do primeiro dia em fevereiro
e também não me incomodava
trocar a umidade de casa
pelos bancos frios da escola.
agosto não era muita coisa
além de no meio um dia
que minha mãe ficava triste
pois era o aniversário do meu avô
agosto não era muita coisa
além de no fim o aniversário
do meu irmão, meu herói patinador.
agosto não me dava desgosto
agosto não fazia os cachorros loucos
agosto passava como não.
meu mês era janeiro já é a revolução
porém nos destinos diversos
de uma mesma Terra fui errante
para o outro hemisfério
e embora lá não falassem a minha língua
a gente se entendia
e eu tinha (e tenho) muito a aprender.
inclusive sobre agosto.
agosto das auto-estradas lotadas
agosto das amêijoas
agosto de passar acampada
agosto de arranjar namorado
agosto de ir à praia no mesmo dia e voltar
agosto de muita música
agosto de nunca ficar doente
nem sofrer com essa dor de dentes
agosto místico & mítico
espalhado o corpo pelos 40 graus
de um jeito que nem as moscas voam
de calor.
agosto quando o vento do Saara traz areia
e as janelas e os carros amanhecem vermelhas
agosto das florestas incendiadas, dos bombeiros queimando de tantas chamadas
agosto do esquecimento da melancolia
agosto de nunca dormir
e quando dormir, dormir tão bem.
nada suposto
agosto se faz
agosto.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário