quinta-feira, 27 de agosto de 2015




hoje de manhã peguei um ônibus pra ir até o metrô que eu acordei cansada, tenho acordado cansada depois de um dia tão bom de afazeres como foi ontem e o ônibus era um ônibus do século XIX e eu não usarei nunca mais o facebook pelo celular e me lembrei que depois eu gostaria de dizer isso por aqui: que eu hoje estive num ônibus do século XIX e isso sequer existiu em SP. 

ou uns dias atrás 1 português me disse que SP não é uma cidade, é uma ocupação provisória de um parque de campismo & então eu estava pensando nessas coisas e tentando, de algum modo, me sentir de férias no meio de tempos que em nada se parecem férias quando uma menina falou pra outra, já dentro do vagão do metrô "é sério, eu sinto tesão em quem ouve beethoven" e eu pensei "meu deus, estou ouvindo coisas, vou ficar mais perto para ver se é isso mesmo que ela disse".

e era, senhoras e senhores, a menina de uns 20 e poucos anos (faixa etária que se tornou "os jovens" para mim faz bem pouco tempo, o que ainda me é completamente aterrador) dizia pra amiga que sente tesão em quem ouve beethoven. eu tive certeza nesse momento que eu estava no século certo e percebi que tinha saído de casa sem sutiã sem perceber e pensei que maravilha "não estou só ficando velha, estou ficando livre" duas coisas que, muitas vezes, se combinam naqueles que eu admiro.

aliás, dia desses meu pai não cumprimentou uma pessoa que eu me senti na obrigação de cumprimentar, eu não sabia muito bem o que dizer pra ele, que rapidamente me olhou e disse "estou velho, isto tem que servir para não cumprimentar pessoas arrogantes". meu pai também vive citando uma máxima de goethe que diz que os modestos são velhacos, mas ele só diz isso quando alguém não aceita repetir o prato de comida e, sobretudo, se alguém não quer comer a sobremesa.

é como as crianças acreditam: o melhor está no açúcar, mas tem gente que faz disso achar que a vida é cor de rosa. gente, acorda, a vida não é cor de rosa. mas quando dou chocolate pros meus sobrinhos comerem eu entendo porque no supermercado aqui em frente os chocolates ficam trancados num armário junto com as giletes e as garrafas de álcool caras, mas eu nunca entendo porque os desodorantes estão lá também. será que cheirar desodorante dá barato? as pessoas pensam em cada coisa.

o século XIX não acabou, agosto ainda é o mês de omulu e recomendo a todos que comam pipoca com os mais velhos & mais novos, que a carne desse planeta somos nós, vamos tentar não ser a praga, ok? e a última coisa que eu vou dizer nos próximos dias é que o maleável é o bagulho & como setembro vai inaugurar uma época em que o mutável será o ponto de questionamento & pelos vistos a palavra "crise" substitui a "recessão" dos anos 80 nas notícias televisivas da minha infância acabou que chegou o momento do Brasil investir na produção de chá de lúcia-lima. serião, faz a maior falta no coração dos nossos ânimos.

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