é uma sensação de esgotamento, é um exagero, é próximo da morte. já é a terceira vez que sinto isso assim. não é que seja de repente, pelo contrário, é uma morte construída dia a dia, mesmo quando esquecido o objetivo, tem uma coisa se tecendo. um tecido de fundo. esquecimento e trabalho. espera e recusa.
desde que fiz um livro quero sempre estar a fazer um livro, quero estar na duração do durante. a Clarice dizia que quando não escrevia, estava morta. eu hoje soube que tinha encontrado, depois de meses procurando, a forma final, a ordem entre os poema, eu soube porque senti primeiro uma trava, um amargor, onde buscar o ar? cansei. já sei, fui expulsa. acabou.
eu não soube porque sou uma pessoa inteligente que verifica cada encaixe. não escolhi os temas. não apontei os objetos com os dedos. no entanto eles estão todos lá. é alguma espécie de caos, há quem vá chamar de bagunça, outros de intuição. eu diria: ter uma luz que ilumina: porque há ligação, alguma coisa invisível que traz fluência, certa luminosidade e sombra, há umidade e secura, algum equilíbrio, respeito. ao mesmo tempo que os poemas ficam lá todos, ficam sozinhos disputando. são uns gladiadores. e às vezes uns travesseiros.
amanhã o livro vai para a editora. daqui uns dias para o revisor. em 15 dias vai estar nas mãos do paginador. tantos amigos.
o esgotamento é resultado de uma dedicação. todos usam palavras, embora eu use as mesmas, e tanto as usem comigo, sou por elas usada enquanto vivo. quando já não tenho mais nada a dedicar para aquilo, quer dizer, quando já não precisa de mim, me manda embora. eu acato, sem resignação. é um pouco triste esse adeus. penso e dou um sorriso. deve haver quem sente êxtase numa hora dessas. mas escrever um livro não é, exatamente, uma glória. isso é mistificação. e, como a literatura vive de mistificação "Seiva, veneno ou fruto", é o nome do místico que não é homem nem mulher, criança nem bicho, planta nem vento, água nem olhos. embora seja tudo isso.
não tarda, provavelmente em março, o místico sairá com quem o quiser.
e eu? vou dormir.
desde que fiz um livro quero sempre estar a fazer um livro, quero estar na duração do durante. a Clarice dizia que quando não escrevia, estava morta. eu hoje soube que tinha encontrado, depois de meses procurando, a forma final, a ordem entre os poema, eu soube porque senti primeiro uma trava, um amargor, onde buscar o ar? cansei. já sei, fui expulsa. acabou.
eu não soube porque sou uma pessoa inteligente que verifica cada encaixe. não escolhi os temas. não apontei os objetos com os dedos. no entanto eles estão todos lá. é alguma espécie de caos, há quem vá chamar de bagunça, outros de intuição. eu diria: ter uma luz que ilumina: porque há ligação, alguma coisa invisível que traz fluência, certa luminosidade e sombra, há umidade e secura, algum equilíbrio, respeito. ao mesmo tempo que os poemas ficam lá todos, ficam sozinhos disputando. são uns gladiadores. e às vezes uns travesseiros.
amanhã o livro vai para a editora. daqui uns dias para o revisor. em 15 dias vai estar nas mãos do paginador. tantos amigos.
o esgotamento é resultado de uma dedicação. todos usam palavras, embora eu use as mesmas, e tanto as usem comigo, sou por elas usada enquanto vivo. quando já não tenho mais nada a dedicar para aquilo, quer dizer, quando já não precisa de mim, me manda embora. eu acato, sem resignação. é um pouco triste esse adeus. penso e dou um sorriso. deve haver quem sente êxtase numa hora dessas. mas escrever um livro não é, exatamente, uma glória. isso é mistificação. e, como a literatura vive de mistificação "Seiva, veneno ou fruto", é o nome do místico que não é homem nem mulher, criança nem bicho, planta nem vento, água nem olhos. embora seja tudo isso.
não tarda, provavelmente em março, o místico sairá com quem o quiser.
e eu? vou dormir.
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