quase sempre é madrugada quando me lembro
desta arte de substratos que é a noite
e me lembro que a poesia é a arte de lidar com a solidão do indivíduo na linguagem em que se comunicam
os seres todos são passíveis de virarem e serem poemas
tal é o dom da metamorfose
do vice-versa
do troca-troca
do roça-roça
de uns versos com quem
lá lê ou é lido,
certamente, recebido
pelo texto em seu corpo
como alguém entra numa piscina
às vezes numa pirâmide às vezes num empecilho num pote de gelatina
mas é preciso ter onde entrar
no poema
ter por onde estar
e lá dentro abrir
como uma garganta
a voz de outro
que é você
sozinho neste mundo tão povoado
lendo este poema
amparado.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
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