Tanto faz parte do destino 
 das mesas estarem entre nós
 que sem fazer alarde
 uma agulha enovela
 zonzos de calor
 a ternura e o risco 
 de uma criança que enfia o dedo no bolo
 como você encaixa o dedo
 no anel da xícara
 enquanto retiro lentamente
 do seu papel
 um canudinho pra sugar a vida
 este saquinho
 de açúcar
 pesando na mão
 rasgo com os dentes
 pondero, mas não sei calcular
 nem ponho no suco demais
 pois pode explodir
 um coração
 estou evitando
 mas agora consigo ouvir
 meu corpo 
 é capaz de quebrar 
 um copo atrás do balcão
 farejar o gás vazando
 abrir a porta e sair correndo
 pelo tempo que nunca houve
 mandar, quem sabe?, pedir
 evacuar a área planetária
 uma brecha na agenda 
 o gás alcança onde o ar atinge 
 se propaga a população mundial
 nos níveis em que andam
 as chuvas é um perigo
 os postes as árvores caindo
 as luzes todas piscando
 que sorte com os ventos ter 
 esta conexão sem fios
 atravessando os dias 
 crescendo como morangos
 de sobremesa
 que eu peço mas não sei se 
 tão doces como comer 
 com garfo ou colher 
 eu sou cheia de dedos.
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Assinar:
Postar comentários (Atom)

Nenhum comentário:
Postar um comentário