domingo, 19 de fevereiro de 2017

a terra se abra para quem a pisa
com força
capaz de alterar o mundo
perde a rotação
na órbita que não girou a tempo
no tempo presente
a gravidade se perde de tanto que perde você perde a capacidade de ver
achando que perdeu um olho
como eu perdi
perdi a capacidade de decidir
qualquer coisa
pois as coisas decidiram por mim
tão rápida e alheia a realidade
encarada sem ênfase
que dor nos ombros
mas pelo enorme senso de realidade
não perdi meu passaporte
e pude entrar com tudo
em todas as coisas
e não perdi a sorte
de ter em todas as coisas
sorte
embora essa dor nos músculos
e ao descer a rua a certeza de que iria cair
na rua do sol ao rato
não iria escorregar
eu iria cair
cair na mórbida nitidez desta estação
em que com a sua força
o mundo foi parar
nós mesmos, com tanta força
desistimos
e eu insistia em levar flores
para alguém que acolhe
dos acontecimentos
o só poder estar
no eixo vivo desta carne
tensa assustada e comunicante
sobretudo de olhos ouvidos
o coração muito aberto
não por opção rasgado inteiro
pleno de necessidade
presente

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