terça-feira, 17 de outubro de 2017

talvez seja esta a meteorologia que se se esperava
um ruído de trovão no meio do peito
cinquenta léguas de esperança
o tédio que antecipa a escrita
o vazio arrancado de existir
se você fosse contar uma história,
que história você contaria?
posso pedir meia dúzia de histórias
eu as tenho ao redor da minha bacia
estou vigiadamente acesa e incapaz
quem deveria me curvar em mim
além de mim?
a prática dos versos no entanto
é algo próximo do passear cavalos
coisa que eu também não sei fazer
por favor me salvem cavalos me esmaguem por favor
é meio ridículo pedir pensar eu sei
que tudo que faz sentido na minha vida
antes e depois é escrever é uma avidez
o resultado de tudo me consome
fazia anos que eu não sentia tanto tédio
acho que é por isso: demorei pra tirar férias
o que o tédio ensina?
eu vim aqui reerguer alguma coisa, apoiar
não necessariamente essa dor
de ter nascido vez ou outra volta

já envelheci o bastante pra escutar




Um comentário:

Tudo de Novo Outra Vez disse...

Você diz tão melhor do que eu essas coisas. De qualquer forma, é um consolo ver que a postagem é de outubro desse ano. Eu estava me sentindo a última sobrevivente desse mundo de escrita em blogs. Foi bom voltar aqui e ver vida. Ainda que eu tenha mudado de nome e endereço, ainda me sinto lida. Bjos!

 

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