domingo, 29 de janeiro de 2012

meu diário está em toda parte, onde estão os meus olhos?

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

arrumando a mochila pra passar o fds na casa do gajo
que fica há 15 minutos daqui
mas atrás da colina, lá embaixo


me pergunto assim "será que eu levo o focault?"
abro a mala e verifico com os dedos como se alternasse entre fichas
já estão indo "o eliot, a clarice, o pound, outro eliot, o nietzsche"
"turminha".

"isto não é vida. isto se chama maratona da pós-graduação".
"você prometeu que não faria piadas de mestrandos"

-alô, julinha, tás fixe?
-tou.
-saudades tuas.
-ohnn. eu também.
-e como está o trabalho?
-vai bem. eu QUERO QUE ESTE EDIFÍCIO CAIA.
-que edíficio? o edifício da poesia?
("ele saca tudo")
-é. QUERO QUE TODOS OS POETAS EXPLODAM JUNTOS.
-mas assim vais também explodir?
-claro. o que eu MAIS QUERO É EXPLODIR.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

munição

imagine um mundo onde tudo é começo
agora imagine o começo deste mundo

m.g.l. disse "o começo de um livro é precioso". 

dentro de toda lacuna  - - - não sei bem onde é que vivo, esse lance tão mútuo é capaz de me causar vertigens: como um cavalo que prende aos dentes a corda que leva outro cavalo e pula puxando-o pelas barreiras os joelhos levantam o suficiente - ele pensa que seu companheiro está morto - mas ele estava enganado. meus senhores, os cavalos também se enganam e este cavalo - o começo - embora estivesse lúcido, não havia percebido que era a corda que ele agarrava pelos dentes que o puxava, não o contrário. ambos, vivíssimos, saltaram as barreiras e alcançaram o começo do começar.

entretanto, estou no princípio do meio da minha dissertação e no princípio do fim do meu livro. dizer do começo é só uma ansiedade com o fim. e o começo é só uma abstração possível pela faculdade de fazer juízo, interpretação, - - - destas duas pernas que inventam sempre saídas e saltam, ah como saltam as pernas boas que tenho.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

vou virar do avesso - não tenho medo
não tenhas medo - quando virar do avesso
é para a cabeça cair para trás
e o coração explodir em vento,

em um mês

fiquei surda com os ouvido direito zumbindo tudo
cortei os dois polegares no mesmo lugar, de modos diferentes, no mesmo dia
tive três crises de rinite
duas noites de insônia, uma por paixão, outra por mudança de planos
dor de cabeça no último dia do ano, enjôo, vertigem
ontem desloquei a omoplata praticando pilates
tá doendo, a noite toda também

tô zuada
alguém me benze
bem-bem

justo eu
bem-bem

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

o amor é uma armadilha ao contrário

junta com o post debaixo
e é nóis










Só eu sei que sou terra
Terra agreste por lavrar
Silvestre monte maninho
Amora fruto sem tratar

Só eu sei que sou pedra
Sou pedra dura de talhar
Sou joga pedrada em aro
Calhau sem forma de engastar

A interpretação é o que quiserem dar
Não tenho jeito p'ra regatear
Também não sei se eu a quero aumentar
Porque eu não sei

Porque eu não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, deste animal

Também não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, que anda a procurar

Só eu sei que sou erva
Erva daninha alastrar
Joio trovisco ameaça
Nas ervas doces de enjoar

Só eu sei que sou barro
Difícil de se moldar
Argila com cimento e saibro
Nem qualquer sabe trabalhar

Em moldes feitos não me sei criar
Em formas feitas podem-se quebrar
Também não sei se me quero formar
Porque eu não sei

Porque eu não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, deste animal

Também não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, que anda a procurar

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

nocturno en lo oscuro

No dia em que te conheci, foram os olhos as forquilhas que te alcançaram.
Para entender a memória é preciso entender o que são os olhos.
Para entender o que são os olhos
o que me leva pelos lugares do que foi
não a é vontade de neles estar.
Mas saber que não estar neles é hoje estar contigo.
Te acalma com a mão sobre a rocha.
E embora nestes sítios ainda
estalo. Quando passo. O que caço,
me caça. É o amor que vem ou já passou?
Se for o vento, há em mim quem venha só.
Sou estrangeira, não sou ninguém.
Aprendiz que sou mais é do temor
passo a passo
limo até alastrar
a língua
por cima
falo falo
sobre os tremendos ossos dos pés
até perceber que não há como esquadrinhar a angústia – que falar dela é como pegar numa bic e rasurar por cima de uma tabelinha até esconder o grosso – e guardo nos bolsos
o silêncio agora
é como se tivesse um ladrilho tão gelado
a fenda de quando intento fugir
é fascinação pela cria que uma fenda deu entre os meus seios
e se eu me reconheço caverna, casa cativa
por que não seria eu a fenda que alimenta
uma fenda que se cria
o lugar por onde passa a luz
da tua violência.
Sou a fenda por onde passa a luz da tua violência.
É a minha armadilha: forquilha que olha
no fundo, tudo que gosto é de veneno e de desapodrecer
ao veneno puro deste ventre sirvo
este corpo é para isto
serve ao vento de veneno puro, purifico.
E se encontras todos os caminhos fechados
é porque lá não estás.
Então você quando vir a fenda de mim
levante, me olhe
o suficiente e lance:
p ---edra.

caminante nocturno

passo
a passo
a tarde teu rastro
limo a língua até

até perceber que não há como esquadrinhar a angústia - que falar dela é como pegar numa caneta bic e rasurar por cima de uma tabelinha - mesmo assim insisto na grelha


como se tivesse um ladrilho de tão gelado, a fenda de quando eu descobri que a vontade de fugir é porque cria uma fenda entre os meus seios e se eu me reconheço caverna por que não seria eu a fenda se sou uma é fenda também um lugar por onde passa a luz

da tua violência. a fenda por onde passa a luz da tua violência.

é minha a armadilha: no fundo, tudo que eu gosto é de beber veneno e sobreviver purificando o veneno/ este corpo é para isto: serve: purificando o veneno.

levanto os braços:
só o suficiente:
p - - - edra.


















tava eu no mato de novo/ num mato sem cachorro/ eu falei tá direito/ que eu nunca tive cachorro ao meu lado

amor

longe de você eu sinto que me falta um gosto
perto também.
 

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