quarta-feira, 29 de março de 2017

a vida no entanto se alarga do inconstante ao pântano
e nos malabarismos de lidar com os estilhaços
de pessoas que eu venho me tornando
eu que já depositei sementes que viraram árvores
atravessei algumas vezes o oceano Atlântico
conheci o Pacífico no último outubro
(lá era outono, e agora é outono por aqui)
e que dentro de poucos meses conhecerei o Índico
mesmo assim eu ainda carrego problemas
em usar palavras antigas
como pranto que rima com o quebranto
que acho que é o que estou sentindo
embora não saiba se isto é só uma nódoa
um anzol ou meu velho hábito de me meter
em maus lençóis, como dizem, eu prefiro
algodão ou linho pois eu sempre me enovelo tanto
no pouco tudo em que me envolvo o seu nome
aparece que eu tenho tanto você
como pude eu, poeta, perder o ritmo
forçar os enjambement pra cima do nível
do aceitável tropeçar
na brisa que respiro
navegar o galope
eu já posso dizer o que eu sei
posso considerar que a vida é um eterno
dar biziu curto-circuito ou tilt
e nas faíscas do dia a dia eu espero
um dia dar em clarão, pessegueiro
tomando a luz dum sol
nítido e manso e morno.

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