embora um senso exacerbado de estratégia 
 nunca fui muito boa com dimensões 
 não sei dizer o tamanho de nada 
 embora saiba o tempo que se leva de um lugar a outro 
 com os números tenho o hábito de não calculá-los 
 e geometrias só me interessam as que formam os astros 
 no ponto de vista da terra 
 entre o perto e o longe a dimensão que importa 
 é o tamanho dos teus cílios 
 e como eles se curvam 
 conforme você ri ou se preocupa 
 eu me atenho a ter a ciência 
 de respirar na frequência 
 dos satélites que se movimentam 
 em órbitas regulares
 e estudo tanto cada gesto ou cada passo 
 e sei que mesmo assim a qualquer instante algo pode sair do lugar 
 alguém quebrar os dois tornozelos 
 perder o timing do spaghetti 
 e o macarrão ficar molenga 
 ou uma abelha zunindo no teu cabelo 
 fascinada pelo açúcar no café 
 num acesso de vertigem meu eu ruidoso 
 o corpo como um enxame 
 zunindo na direção oposta ao meu caminho 
 quando o dia terminou eu pensei que não pediria outra coisa
 além da noite cobrindo de escuro 
 se aproximando de mim 
 tudo o que eu desconheço
 sem que eu veja 
 ou tenha controle 
 porque eu vivo.
 e o que é vivo prolifera.
quarta-feira, 29 de março de 2017
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