como a vida sem caderneta
como a folha lisa da janela
como a cadela violeta
- ou a violenta cadela?
como estar egípcio e mudado
no salão do navio de espelhos
como nunca ter embarcado
ou só ter embarcado com velhos
como ter-te procurado tanto
que haja qualquer coisa quebrada
como percorrer uma estrada
com memórias a cada canto
como os lábios prendem o copo
como o copo prende a tua mão
como se o nosso louco amor louco
estivesse cheio de razão
e como se a vida fosse o foco
de um baço lento projector
e nós dois ainda fôssemos pouco
para uma tempestade de cor
um ao outro nos fôssemos pouco
meu amor meu amor meu amor
[do mário cesariny]
segunda-feira, 26 de julho de 2010
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