Ânimo de Poeta.
[Segunda versão]
Pois não são todos os vivos teus irmãos?
Não te alimenta, posta a teu serviço, a própria Parca?
Avança então, sem armas,
Vida fora, e nada receies!
Bendito seja sempre para ti o que acontece!
Abre-te à alegria! Que pode, afinal,
Fazer-te ofensa, coração? Que coisa
Atravessar-se no caminho que é o teu?
Pois desde que o canto se soltou de lábios
Mortais, respirando paz, e a nossa melodia,
Bálsamo na dor e na fortuna, alegrou
O coração dos homens, também nós,
Bardos do povo, nos sentimentos bem entre os vivos,
Onde muitas coisas convivem, alegres e a todos dadas,
Abertas a todos; assim é
Nosso antiquíssimo pai, o deus Sol,
Que a pobres e ricos concede o dia alegre,
Que no tempo fugaz a nós, efémeros,
Erectos nos mantém em andadeiras
De ouro, como crianças.
A ele espera-o, acolhe-o também, quando a hora
Vem, a sua maré purpúrea. Olha como declina
A nobre luminária, ciente de que tudo passa,
Descendo, imperturbável, pelo caminho!
Assim passe também, quando o tempo chegar
E ao espírito no mundo inteira justiça for feita,
A nossa alegria! Assim ela possa um dia morrer
Na plenitude da vida, e de uma morte bela!
[Friedrich Hölderlin em tradução de João Barrento]
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
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